Na disputa pela internet cada vez mais veloz, as operadoras brasileiras decidiram pisar no freio. Depois de investir bilhões de reais para expandir o 5G pelo país, Vivo, Claro e TIM adotam agora uma postura mais cautelosa diante da nova geração de rede móvel, o chamado 5.5G.
O entendimento é que o ciclo de negócios do 5G ainda não se completou e, portanto, não trouxe o retorno esperado. Implementado no Brasil a partir de 2020, o 5G já chega a 1,2 mil cidades, cobrindo cerca de 73% da população, com 50 milhões de clientes — o equivalente a 19% da base total de usuários.
Já o 5.5G, liberado por fornecedores como Ericsson, Huawei e Nokia desde 2024, ainda aparece de forma tímida. Os testes e ativações têm sido pontuais, restritos a áreas pequenas e a públicos específicos, sem previsão de expansão em larga escala.
A Vivo lançou o sinal em agosto, limitado ao centro de Brasília e ao entorno do Barra Shopping, no Rio. A Claro anunciou a ativação em grandes arenas, como Allianz Parque, NeoQuímica Arena, BRB Mané Garrincha e Autódromo de Interlagos. Já a TIM prefere manter sigilo sobre sua estratégia, sem previsão de massificar a cobertura no curto prazo.
Segundo Rodrigo Marques, presidente da Claro, a prioridade ainda é fazer o 5G gerar retorno. “Esse processo vai avançar gradualmente e depende de fatores como custo de equipamentos, poder de compra das pessoas e percepção de valor nos aparelhos”, disse.
Outro entrave é o preço alto e a baixa oferta de celulares compatíveis com o 5.5G. Hoje, há poucos modelos disponíveis e a maioria custa acima de R$ 2,5 mil.
Para Alberto Griselli, presidente da TIM, o momento pede cautela. “O 5.5G ainda é comercialmente pouco atrativo. A prioridade é ampliar a cobertura do 5G e garantir qualidade de serviço”, afirmou. A operadora avalia demandas específicas de clientes que possam justificar a adoção da tecnologia em nichos.
O que é o 5.5G
Também chamado de 5G Advanced (5GA), o 5.5G promete velocidade média de 1,5 gigabit por segundo (Gbps), três vezes superior ao 5G. A nova geração ainda reduz a latência, consome menos energia e permite conectar mais dispositivos simultaneamente em uma mesma antena. Isso se traduz em menos travamentos em locais de grande aglomeração, como estádios.
A tecnologia combina diferentes faixas de frequência e possibilita separar a rede para aplicações específicas, como transmissões de jogos e shows, sem dividir o tráfego com o público presente. No futuro, deve abrir caminho para novos negócios e impulsionar áreas como inteligência artificial, internet das coisas, realidade virtual e computação em nuvem.
“O 5G Advanced é uma evolução natural das redes e traz oportunidades de receita adicional. Nenhuma operadora pode ignorar o rumo da tecnologia”, afirmou Carlos Roseiro, diretor de Marketing da Huawei Brasil. (Estadão Conteúdo)