DÍVIDAS

Financiamento atrasado? Saiba dicas para não quebrar contrato

Especialistas consultados por O TEMPO dão conselhos para famílias que não estão conseguindo quitar parcelas assumidas com os bancos por conta da inflação

Por Gabriel Ronan
Publicado em 25 de julho de 2022 | 11:15
 
 
 
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Diante de uma taxa básica de juros de 13,25% ao ano e uma inflação acumulada de 11,89% nos últimos 12 meses, muitas famílias perderam poder de compra e estão sufocadas com financiamentos assumidos com os bancos. Por isso, a reportagem de O TEMPO conversou com especialistas para dar conselhos para quem está com a “corda no pescoço”.

O advogado, consultor jurídico e professor de direito civil e imobiliário do Meu Curso Educacional Vanderlei Garcia Junior diz que o primeiro passo é tentar renegociar as dívidas com os bancos. “A primeira coisa é buscar a instituição financeira para um eventual acordo, refinanciamento, alguma diminuição de determinadas taxas… Enfim, tentar negociar, juntamente com a instituição, alguma forma de você tentar revisar este contrato”, diz. 

“Em último caso, buscar uma revisão judicial. Mas, há grande risco de, não pagando os valores devidos, uma retomada por parte da instituição financeira”, ressalta Vanderlei.

O educador financeiro Sandro Borges dá ainda uma terceira dica: a portabilidade da dívida. "A dica de ouro é procurar um outro agente financeiro, diferente daquele que financiou para você no primeiro contrato. Esse novo agente vai procurar o banco que financiou para você e conceder um desconto. Ela negocia diretamente e vai assumir seu financiamento daqui pra frente, concedendo um desconto, normalmente no saldo devedor, para que as parcelas caiam também. Tem banco que tem interesse na portabilidade, mas vão ter alguns critérios logicamente. Mas (a portabilidade) é um direito de quem financiou", afirma. 

Qualquer tipo de dívida entra no leque da portabilidade: cheque especial, crédito consignado, crédito pessoal, financiamento de veículo ou imóvel, entre outros. Na hora de procurar o refinanciamento, é preciso ficar atento a outras coisas também. O ideal é que a família compare as taxas de juros dos bancos interessados em assumir a dívida e escolher aquele que oferece as melhores opções. 

A opção por taxas que varia de acordo com indicadores econômicos é um erro comum. Neste cenário, a família já com dívidas faz praticamente um “investimento” variável, um tiro praticamente “no escuro”. 

O advogado Vanderlei Garcia Junior, especialista em direito civil, a maioria dos contratos tem taxas de juros fixas durante toda a vigência, mas é preciso ficar atento. 

“Os contratos que foram estipulados antes da alta da Selic, eles serão regidos, durante toda a sua vigência, por aquela taxa. Mas, claro, a gente precisa olhar contrato por contrato, porque temos aqueles que possuem cláusulas de reajustes periódicos, que podem prever a data da Selic à época do reajuste. Então, tudo vai depender”, diz.

Como saber se darei conta de pagar o financiamento?

O educador financeiro Sandro Borges diz que o ideal para escolher o financiamento é sempre consultar um especialista para realizar os cálculos, mas há um indicador básico para não apertar o orçamento além do que pode pagar. 

“A dica é fazer cálculos para saber se a prestação não vai impactar mais do que 30% do orçamento da família, para evitar ter que passar por apertos financeiros durante o pagamento das parcelas. Então, é importante escolher uma modalidade de financiamento, que às vezes é apresentada pelo corretor, para que ela tenha constância na taxa de juros para evitar sobressalto das dificuldades nos momentos de alta na taxa de juros”, diz Sandro.

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