Violência

Furtos e roubos geram perdas de R$ 1 bi para supermercados

Dos estabelecimentos que já tiveram ocorrência, 68% foram vítimas de assalto à mão armada

Por Queila Ariadne
Publicado em 13 de setembro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Uma escova de dente no bolso, desodorantes despistados na sacola ou um revólver apontado para a cabeça do caixa, obrigado a entregar o dinheiro. Juntos, crimes como esses geram perdas de 3% no faturamento dos supermercados, segundo estimativas do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sincovaga-BH). Considerando os R$ 34,75 bilhões que o setor faturou em Minas em 2017, as perdas ultrapassam R$ 1 bilhão por ano.

Uma pesquisa realizada pelo Sincovaga, em parceria com a Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), indica que o número de crimes teve uma queda expressiva nos últimos 12 meses, mas, ainda assim, um a cada três supermercados já sofreram algum ato de violência. No ano passado, mais da metade (54,4%) dos supermercadistas tinham passado pela situação. Neste ano, o percentual caiu para 32,4%.

“O principal crime foi assalto à mão armada, apontado por 68,3% deles. Mas, quando falamos de furtos, que é algo mais corriqueiro, mais da metade já passou por isso, afirma a analista de pesquisa da Fecomércio-MG, Elisa Castro.

Na avaliação dela, a redução é reflexo de um conjunto de medidas tomadas pelos próprios empresários e também de um aumento da sensação de segurança. “Os entrevistados destacaram que o aumento no número de bases móveis da polícia militar contribuiu para reduzir os crimes”, diz.

Segurança. O investimento dos empresários em segurança chega a 5% do faturamento. Entre as medidas, as mais adotadas são circuito interno de TV, alarmes e trancas. “Temos extravio de mercadoria desde a hora em que elas são descarregadas. Já somos obrigados a embutir os custos na nossa margem de lucro, porque não dá para repassar para o consumidor final, pois, se a gente sobe o preço, não vende. Então, assumimos esse risco e, no fim do mês, temos dificuldade para fechar as contas”, explica o vice-presidente do Sincovaga, José Luiz de Oliveira.

Outra medida adotada pelos supermercados é confinar as mercadorias. Mas se por um lado deixar os produtos fora do alcance ajuda a combater os roubos, por outro, atrapalha as vendas. “Alguns itens como desodorante e cremes, por exemplo, são muito visados porque são mais caros e fáceis de revender. Então, temos colocado em vitrines trancadas. Porém, muitas vezes o cliente está com pressa e não quer chamar o atendente para abrir, então, acaba desistindo de comprar”, afirma o dono da rede Via Bahia, Leonardo Flores Nascimento, que estima perda de 30% nas vendas desse tipo de item.

Outro reflexo negativo vem da restrição de horário. A pesquisa mostra que apenas 21% dos empresários se sentem seguros em trabalhar até mais tarde. “Minha loja funciona até às 20h. Tínhamos um projeto de estender para 21h, mas preferimos adiar. Com isso, é uma hora que estou deixando de faturar”, afirma Nascimento.

 

Lojistas cobram leis mais rigorosas

O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sincovaga-BH), José Luiz de Oliveira, avalia que a solução para redução dos crimes no varejo depende de uma mudança na lei. “Teríamos que mudar a legislação para aumentar a punição para quem pratica”, destaca.

O coronel Eduardo Felisberto Alves, assessor de relações institucionais da Polícia Militar, explica que, quando uma pessoa é flagrada cometendo esse delito, é encaminhada para a delegacia. “Pode ser autuada ou não. E também passará por uma audiência de custódia, assim como qualquer outro preso”, explica. De acordo com o coronel, ações dos comerciantes também podem fazer a diferença. “A segurança é dever do Estado, mas todos têm que estar juntos. Nesse sentido, temos as redes de comerciantes e vizinhos protegidos. Quanto maior for a participação, mais fácil a informação chegará para a polícia, e mais rapidamente temos condições de atuar”, afirma.

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