Previdência

Mais tempo para garantir votos

Líderes governistas pedem a Rodrigo Maia adiar votação para “amadurecimento do texto


Publicado em 26 de abril de 2017 | 03:00
 
 
 
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BRASÍLIA. Ainda sem votos suficientes para garantir a aprovação da reforma da Previdência, o governo sofre pressão para adiar um pouco mais a votação da proposta no plenário da Câmara dos Deputados. Líderes governistas têm argumentado ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é preciso um tempo maior de amadurecimento do texto após as mudanças do relator Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), que continua articulando alterações nos bastidores. “Não tem previsão. A partir do dia 8 pode votar. Quando estiver mais perto dou uma data mais precisa”, admitiu Rodrigo Maia, que estará fora do Brasil na semana que vem, quando o governo tentará votar o relatório na Comissão Especial. Maia já admitiu a possibilidade de atrasar a votação para meados de maio e até junho, mas os parlamentares querem o prazo de pelo menos 20 dias a partir da votação da reforma trabalhista.

O diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, foi nessa terça-feira (25) à Câmara para tentar reduzir a idade mínima das policiais mulheres para 52 anos. A classe já tem regra mais benéfica, com possibilidade de aposentadoria a partir de 55 anos. O relator, no entanto, só deve acatar essa mudança com aval do Palácio do Planalto.

Os servidores públicos receberam a sinalização de uma regra mais amena para que aqueles que ingressaram antes de 2003 possam se aposentar com salário integral e reajuste igual aos servidores da ativa. A categoria ocupou o Salão Verde da Câmara nessa terça (25) à tarde em protesto contra a reforma. O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional), Claudio Damasceno, comparou as mudanças dos servidores aos atos institucionais do período da ditadura.

O presidente Michel Temer disse, em discurso durante almoço com governadores e ministros na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que o relator da reforma da Previdência, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), “negociou e amenizou enormemente aquele projeto inaugural” e que, com o novo texto, o projeto precisa ser aprovado. “Nós mandamos uma reforma completa, digamos assim”, afirmou o presidente.

Mercado

Reação. O mercado brasileiro de ações teve nessa terça-feira (25) sua terceira alta consecutiva. A instabilidade perdeu força conforme aumentou a percepção de aprovação do texto-base da reforma trabalhista.


Sem consenso

Discussões seguem até quinta-feira

BRASÍLIA. A Comissão Especial da Reforma da Previdência começou nessa terça (25) a fase de discussão do relatório do deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), que deve durar até esta quinta-feira (27). Depois, a proposta do relator será votada no colegiado, mas a data ainda não foi marcada.

Os deputados da oposição criticaram o texto de Maia, dizendo que ele manteve a essência da proposta do governo (PEC 287/2016). Porém, os deputados da base do governo ressaltaram “as mudanças que vão beneficiar os trabalhadores”.

Para ser aprovada, a proposta precisa ter 308 votos a favor. A pedido do presidente Michel Temer, o PMDB decidiu acelerar a articulação de uma medida que deve obrigar os deputados do partido a votar a favor da reforma da Previdência na Câmara – o chamado fechamento de questão. A cúpula do PPS trabalha para fechar a favor. O PSB fechou questão contra, mas isso provocou um racha entre seus deputados.


Lula compara à bomba atômica

SÃO PAULO. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a reforma da Previdência em entrevista à rádio Cidade, do Rio Grande do Norte, nessa terça-feira (25), e comparou o projeto a uma bomba atômica: “Isso está mais para bomba de Hiroshima do que para reforma”.

Para Lula, reformar a Previdência é preciso. Mas, segundo ele, para isso seria preciso fazer um amplo debate com a sociedade brasileira, o movimento sindical e os principais atingidos.

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