Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) fazem atos com pedido de “intervenção militar” em diferentes pontos do país nesta quarta-feira (2). Eles cobram a ação das Forças Armadas após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais.

Em São Paulo, manifestantes fecharam a avenida Alfredo Pujol, em Santana (zona norte), na manhã desta quarta-feira (2) em frente ao Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Exército.

O trânsito ficou bloqueado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET)  no trecho entre as ruas Chemin Del Pra e Embaixador João Neves da Fontoura. O grupo, em sua maioria formado por idosos e pessoas brancas de meia idade, que se concentraram em um trecho bem menor de cerca de 50 metros, com placas de "Intervenção Já!" e gritos de "eu autorizo".

Nas conversas entre manifestantes, eles definiam esta quarta-feira como o "dia D", criticavam o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e esperavam uma reação dos militares. Um deles disse que, "se o Exército entrar, aí a gente vai todo dia para rua".

Enquanto a reportagem esteve no local, não ocorreu nenhuma interação por parte dos militares com os manifestantes. O congestionamento na rua Alfredo Pujol foi grande, e os veículos foram desviados.

No fim da manhã, apoiadores de Bolsonaro começaram a circular de carro pelas ruas ao redor do Comando Militar do Sudeste, no bairro do Paraíso, na zona sul, agitando bandeiras e buzinando. Muitos bolsonaristas também caminhavam a pé pelo bairro, em direção ao quartel do Exército.

Vestidos de verde e amarelo, os apoiadores do presidente gritavam "fora, Lula" e "Brasil". Moradores responderam ao buzinaço de suas janelas, gritando "Bolsonaro ladrão". (ARTUR RODRIGUES E CAROLINA LINHARES/Folhapress)

A declaração de manifestantes que fecham rodovias - estaduais e federais - pelo país sobre a existência de uma fraude nas eleições deste ano não encontra amparo legal. A Justiça Eleitoral, além de entidades nacionais e internacionais que participaram da fiscalização do pleito, confirmaram a lisura do processo. Da mesma forma, a possibilidade de uma ‘intervenção militar’ com base no artigo 142 da Constituição, pedida por grupos de manifestantes, não tem respaldo na lei brasileira e pode resultar em processo judicial para quem fizer esse pedido.