Um método criado na UFMG acelera o diagnóstico dos quatro tipos de dengue que circulam no Brasil. A metodologia foi apresentada em artigo publicado pela revista Partycle & Particle Systems Characterization.
A descoberta da doença funciona por meio da identificação de anticorpos no soro de amostras de sangue, usando técnica desenvolvida por grupo de pesquisadores liderados pelo professor Flávio da Fonseca Guimarães, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.
Alice Versiani, pesquisadora colaboradora da UFMG e uma das autoras do artigo, explica que os métodos tradicionais de diagnóstico, como o usado nos testes de gravidez vendidos em farmácias, são baseados em fenômenos ópticos e exibem os resultados de acordo com a mudança da coloração das amostras.
O método descrito no artigo, que também se baseia no fenômeno óptico de incidência de luz, traz agilidade aos resultados porque usa novo software de cálculos para a interpretação dos resultados.
Conforme a pesquisa, as amostras dos pacientes são lidas em aparelhos chamados espectrofotômetro - o mesmo que faz a leitura de testes sorológicos do tipo Elisa. Em seguida, a amostra é colocada em contato com um nanossensor para ser lida no equipamento.
"Depois desse passo, o resultado precisa de uma interpretação que é feita pelo software. Para analisar uma amostra, é necessário fazer uma série de cálculos para entender se ela é positiva ou negativa para aquela doença. O método computacional apresentado no artigo consegue realizar esses cálculos mais facilmente, permitindo diagnósticos mais rápidos. Além disso, elimina os resultados falsos positivos e negativos", explica.
A pesquisadora acrescenta que a otimização do tempo para os resultados é importante no processo clínico de diagnóstico. "Imagine um laboratório com centenas de amostras para serem analisadas por um único técnico. O software elimina o tempo que seria gasto na realização dos cálculos matemáticos, mantém a precisão dos resultados e diminui o risco de erro humano", diz.
Jhonattan Córdoba, coordenador da pesquisa e professor do Departamento de Engenharia Eletrônica da Escola de Engenharia da UFMG, explica que a ferramenta computacional facilita a visualização dos resultados dos exames, permitindo a diferenciação entre os tipos da doença, mesmo quando comparadas a doenças similares, como a zika, a febre amarela e a encefalite Saint Louis.
"A biodetecção já era possível pelo método desenvolvido em 2020 pelo professor Flávio; a ferramenta que descrevemos no artigo é, portanto, um complemento que favorece um diagnóstico mais certeiro”.
Após a publicação do artigo, a intenção do grupo de pesquisadores é que a ferramenta diagnóstica seja adaptada para exames de outras doenças. Alice Versiani afirma que o grupo pretende desenvolver um kit comercial para que as pessoas possam realizar os exames diagnósticos em casa.
"Já temos a tecnologia e o método de leitura. Assim, é possível adaptar o processo para exames que possam ser feitos fora do laboratório", conclui.