PESQUISA DA ANP

Minas: mesmo com alta do petróleo, preços dos combustíveis ficam estáveis

Mesmo com política de preço dos combustíveis adequada ao mercado externo, Petrobras ainda não repassou aumento do barril ao consumidor

Por Gabriel Ronan
Publicado em 08 de março de 2022 | 19:42
 
 
 
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Os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia já chegaram ao preço do barril de petróleo adotado no mercado externo, mas, em ano eleitoral, a Petrobras ainda não repassou a alta ao consumidor. Em Minas Gerais, dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que a gasolina comum, óleo diesel e etanol recuaram na primeira semana de março, em comparação à última de fevereiro. 

No caso da gasolina comum, o preço médio do litro em Minas caiu de R$ 6,89 para R$ 6,88. Já o óleo diesel diminuiu de R$ 5,583 para R$ 5,582 por litro. O etanol hidratado sofreu a maior queda no preço do litro: de R$ 4,75 para R$ 4,71.

O economista Feliciano Abreu, do site de pesquisas Mercado Mineiro, indica que o consumidor fique de olho e encha o tanque antes do provável reajuste. “Para quem tem carro comum, doméstico, vale tentar abastecer com álcool. O etanol está entrando no período de safra. Ficar de olho se o preço vai cair, porque já está caindo no etanol, que poderia ser a salvação da lavoura no período da guerra”, avalia. 

Apesar disso, Feliciano diz que previsões são arriscadas num contexto que envolve diferentes atores internacionais. Para ele, o ideal seria a Petrobras adotar subsídios para segurar o preço dos combustíveis, que podem disparar com a alta do barril do petróleo. 

Para efeito de comparação, o petróleo bruto estava em cerca de US$ 97 em 24 de fevereiro, data em que o presidente da Rússia Vladimir Putin autorizou a invasão de suas tropas na Ucrânia. Nesta semana, o mesmo item chegou a bater US$ 130, um aumento de 34%. 

Esse reflexo acontece porque a Rússia é uma das principais produtoras de petróleo do mundo. Com as sanções aplicadas contra o país europeu, o produto russo deixou as prateleiras e fez o barril disparar. 

“Você tem a Rússia alertando que pode chegar a US$ 300 (o barril de petróleo). Mas, até que ponto é uma estratégia de guerra? São inúmeras variáveis, que a gente precisa ter atenção. Esses aumentos são péssimos para os postos, porque o consumidor não está aguentando. Imagine você falando de uma gasolina a R$ 10 (o litro) em dois meses, sendo que a gasolina era R$ 4 (o litro) há uma ano?”, afirma Feliciano Abreu, do Mercado Mineiro. 

Real em alta pode frear aumentos

Já a também economista Gabriela Martins avalia que o real está se valorizando em relação ao dólar, o que pode segurar em certa medida o preço dos combustíveis. "É natural que tenha um aumento nos preços. No entanto, no Brasil, nosso câmbio está mais valorizado e acaba funcionando como uma balança para controlar os preços", diz.

Gabriela também afirma que as commodities exportadas pelo Brasil estão com o preço em alta, o que faz o dólar se desvalorizar. "Justamente na guerra, infelizmente, ocorre um período no qual as commodities vão ficando mais caras", afirma.

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