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Não é só festa: festivais apresentam BH a mais Estados e movimentam economia

Turismo de entretenimento cresce em Belo Horizonte, até então conhecida pelo turismo de negócios

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 23 de setembro de 2022 | 10:00
 
 
 
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Belo Horizonte foi conhecida, durante muito tempo, pelo turismo de negócios, com foco em congressos e outros eventos corporativos. Mas, após os períodos mais críticos da pandemia, a cidade reabriu para grandes shows e festivais de música em 2022 e o turismo de entretenimento é, hoje, um dos principais atratores de turistas para a capital mineira. Só neste final de semana, a cidade recebe dois grandes eventos: o show de Roberto Carlos, no Expominas, e o festival Planeta Brasil, no Mineirão. Para além da alegria do público, a sequência de shows que movimenta BH atrai turistas de todo o Brasil e movimenta a economia, desde ambulantes até fretadores e hotéis. 

“Sem sombra de dúvidas, Belo Horizonte é, hoje, uma cidade de entretenimento. BH não deixa de ser uma cidade com turismo de negócios, mas acredito que, hoje, o setor de entretenimento talvez represente mais economicamente. Os eventos não são só farra e barulho, eles geram emprego, renda, trazem turistas e deixam a cidade mais feliz”, avalia o presidente da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), Gilberto Castro.

Grandes festivais que ocorreram na capital neste ano comprovam o fluxo de turismo que a música atrai a BH. No Breve Festival, que ocorreu em abril, 54% do público vieram de fora de Minas. No Sensacional, festival de menor porte que ocorreu em julho no Parque Ecológico da Pampulha, 25% do público vieram do interior de Minas e 5%, de outros Estados. Só o Sarará, que agitou o Mineirão no final de agosto, gerou 3.000 empregos diretos e indiretos, segundo a organização. No Planeta Brasil, que ocorre neste final de semana com atrações nacionais, como Baco Exu do Blues e Natiruts, e internacionais, como 50 Cent e Ms. Lauryn Hill, esperam-se 70 mil pessoas de fora do Estado e, até agora, foram gerados 3.900 empregos diretos e indiretos. 

“Hoje, Belo Horizonte é a capital dos eventos. A maior incógnita do nosso setor é 2023. Este ano está sendo muito bom para o setor, com todos os eventos batendo recorde de público. Muitos eventos interrompidos pela pandemia foram realizados em 2022, ficando acumulados com os tradicionais, que já ocorreriam”, pondera o presidente da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (AMEE), Rodrigo Marques.

A falta de profissionais no setor é um obstáculo no caminho da ascensão dos eventos. O presidente da AMEE explica que, com o esvaziamento do mercado entre 2020 e 2021, muitos profissionais migraram para outras áreas e não desejam retornar para a rotina de trabalho de madrugada e aos finais de semana. Para atrair mais gente em um momento de maior necessidade de pessoal, os cachês passaram da média de R$ 70 a R$ 80, antes da pandemia, para R$ 150 a R$ 250, detalha Marques.  

Com público de fora de BH crescendo, hotelaria comemora

A hotelaria da capital sente o impacto dos grandes shows. Diretora do braço mineiro da Associação Brasileira da Industria de Hotéis (ABIH-MG), Carolina Drumond reflete que o turismo do entretenimento equilibra-se com o de negócios em BH. “Durante a semana, temos muita demanda de clientes corporativos e, com esse retorno de eventos e BH se destacando como destino de lazer, a ocupação no final de semana está muito boa. Não temos mais dias de baixa ocupação”, diz. No primeiro semestre deste ano, a ocupação dos hotéis na cidade circulava ao redor de 61%, após não chegar a 24% em 2021. No segundo semestre, avalia Drumond, a ocupação tende a alcançar o patamar anterior à pandemia. 

No hotel Intercity BH Expo, ao lado do Expominas, no bairro Gameleira, na região Oeste de BH, a ocupação pode chegar a 90% com o show de Roberto Carlos, calcula o diretor do empreendimento, Rodrigo Cançado. “O turismo de entretenimento voltou muito mais forte agora do que o corporativo. Estão acontecendo shows semanalmente. A maioria dos nosso hóspedes é do interior de Minas, acompanhados por quem vem de São Paulo e Rio”, detalha. 

Com a efervescência de shows na capital, o fretamento também fica aquecido, após dois anos de míngua. Antes da pandemia, o motorista Gláucio Rodrigues, 50, trabalhava com transporte escolar e fretava suas vans para eventos aos finais de semana. Agora, concentra-se somente no fretamento. "Neste final de semana, já tenho clientes para o Planeta Brasil. Como ficamos dois anos ‘na geladeira’, em 2022 a galera voltou com gás total. Está tendo show de pagode, de tudo”, finaliza.

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