América Latina

Pandemia causará retrocesso de uma década nos níveis de emprego das mulheres

Cepal estima que cerca de 118 milhões de mulheres latino-americanas estariam em situação de pobreza, 23 milhões a mais do que em 2019

Por AFP
Publicado em 10 de fevereiro de 2021 | 15:06
 
 
 
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A pandemia de coronavírus provocará um retrocesso de uma década na participação das mulheres na força de trabalho na América Latina, caindo a 46% em 2020, após ter atingido 52% no ano anterior, segundo relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

"A pandemia causará uma redução nos níveis de emprego das mulheres que representa um retrocesso de pelo menos dez anos", afirma um relatório do organismo publicado nesta quarta-feira (10).

Em meio às restrições sanitárias impostas para frear a propagação da covid-19 em toda a América Latina, "houve uma retumbante saída de mulheres do mercado de trabalho, que, por terem que atender às demandas de cuidados em seus lares, não retomaram a procura por emprego", diz o documento.

Em 2020, a taxa de participação laboral das mulheres situou-se em 46%, com uma redução de seis pontos percentuais com relação ao ano anterior. 

No caso dos homens, a participação laboral atingiu 69%, ante 73,6% no ano anterior. 

A Cepal, um organismo técnico das Nações Unidas com sede em Santiago, no Chile, também calcula que a taxa de desemprego entre as mulheres atingiu 12% em 2020, "percentual que sobe para 22,2% se for assumida a mesma taxa de participação laboral das mulheres em 2019", de acordo com o documento.

Afetado pela pandemia, o produto interno bruto (PIB) regional diminuiu 7,7% em 2020, com forte impacto no emprego. 

Nesse contexto, o órgão regional estima que cerca de 118 milhões de mulheres latino-americanas estariam em situação de pobreza, 23 milhões a mais do que em 2019.

"As mulheres da região são parte crucial da primeira linha de resposta à pandemia", ressaltou Alicia Bárcena, secretária executiva da CEPAL, ao apresentar o relatório em entrevista coletiva.

Para ilustrar esse importante papel, Bárcena explicou que 73,2% das pessoas que atuam no setor da saúde são mulheres, "que tiveram que enfrentar uma série de condições extremas, como longas jornadas de trabalho, que se somam ao maior risco a que o pessoal de saúde está exposto a contrair o vírus".

Além disso, a renda das mulheres que trabalham na área da saúde é 23,7% menor que a dos homens do mesmo setor.

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