Uma nova iniciativa pretende reduzir a desigualdade entre homens e mulheres no mercado da construção civil em Belo Horizonte. A prefeitura inicia nesta segunda-feira (13) as inscrições para o programa Mulheres na Obra, que pretende capacitar profissionais do sexo feminino para atuarem nos canteiros de obras. Nas próximas obras contratadas pelo município, os editais já exigirão que pelo menos 10% das vagas sejam para mulheres.
“Aqui na Secretaria de Obras e Infraestrutura nós percebemos que tínhamos um desafio grande a superar em termos de desigualdade de gênero em nossas obras. Foi constatado que apenas 3% do total de postos de trabalho criados em nossos contratos eram ocupados por mulheres na parte referente aos canteiros de obra. A gente viu isso como uma situação que deveria mudar”, afirma Letícia Pinheiro Rizério Carmo, assessora de Projetos Estratégicos da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura.
Os cursos gratuitos de formação das novas profissionais serão oferecidos em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). As interessadas terão aulas teóricas e práticas no período da noite, com uma média de quatro horas/dia, num período de quatro meses (com carga horária que varia entre 160 horas e 200 horas).
São 120 vagas distribuídas em seis cursos (20 vagas/turma) que visam a formação de “Pintora de Obras Imobiliárias”, “Pedreira de Alvenaria”, “Pedreira de Acabamento”, “Carpinteira de Obra”, “Instalações Elétricas Prediais de Baixa Tensão” e “Hidráulica Predial”. As aulas serão no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Vista Alegre, que fica na rua Aguanil, 425, no bairro Vista Alegre, região oeste da capital.
As inscrições podem ser feitas pelo telefone (31) 98419-7940, por meio da equipe social da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) que atende a região Oeste e que vem desenvolvendo estratégias para atrair, treinar, empregar e reter mão de obra feminina qualificada na construção civil.
Bolsas para mulheres em situação de vulnerabilidade social
As mulheres que estiverem em situação de vulnerabilidade social vão receber uma bolsa mensal de R$ 650, condicionada à frequência de 75% no curso.
“Seria em torno de R$ 30 por dia ou R$ 650 por mês para alimentação durante as aulas, para que ela possa comprar um lanche ou o jantar durante o período noturno ou eventualmente também para o deslocamento até o local da realização dos cursos”, explica a assessora de Projetos Estratégicos da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura.
E se houver um número muito grande de interessadas nos cursos, alguns critérios serão avaliados para a definição de quem ficará com a vaga.
“A equipe dará prioridade para mulheres com a menor renda individual, em seguida para moradoras da Vila Cabana do Pai Tomás e mulheres que são mães solo ou também que tenham um maior número de filhos com menos de 18 anos. É justamente para propiciar que aquelas mulheres que realmente tenham uma maior necessidade de integração no mercado de trabalho tenham essa prioridade”, justifica Letícia Pinheiro Rizério Carmo.
Mulheres na construção civil no país
O número de mulheres trabalhando na construção civil no Brasil ainda é relativamente pequeno, mas cresceu 120% entre os anos de 2007 e 2018, passando de 109.006 trabalhadoras registradas para 239.242, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No canteiro de obras elas estão presentes nas mais diversas atividades, como engenheiras, arquitetas, mestres de obra, auxiliares e também em cargos administrativos de empresas da construção civil.
Porém, mesmo conquistando diversos espaços, ainda existem muitos desafios. Isso porque segundo os últimos dados do Ministério do Trabalho, por meio do índice de Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), em 2021, a força de trabalho feminina representava apenas 10,85% do total de vagas ocupadas dentro das obras espalhadas pelo país – o equivalente a aproximadamente 250 mil mulheres empregadas.