A Pif Paf conquistou, neste mês, a habilitação para exportar cortes de aves para a China, uma autorização que era aguardada pela empresa desde 2012, quando uma unidade do frigorífico, situada em Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata mineira, recebeu uma vistoria de agentes sanitários do país asiático.
A partir de outubro, proteína brasileira começará a ser levada a consumidores da nação mais populosa do mundo. O acesso a esse mercado pode turbinar as exportações da marca, que já está presente em 21 países. A estimativa é que, em cinco anos, a companhia dobre o volume de vendas para o exterior, chegando a 15% de sua produção. Hoje, são 7%. De início, é esperado que, por ano, cerca de 15 mil toneladas de carne de frango sejam levadas de Minas Gerais para a China.
O gerente geral de relações institucionais da empresa, Cláudio Almeida Faria, expõe que havia sinalização de interesse do mercado chinês por cortes de aves produzidas no Brasil desde 2010. Atenta a essa janela de oportunidade, a marca se candidatou a receber a habilitação. A visita chinesa aconteceu dois anos depois.
“De lá para cá, foram três rodadas de autorizações (de frigoríficos brasileiros). Na mais recente (no dia 9 de setembro), fomos contemplados”, explica Faria. A notícia, aliás, veio a confirmar algo que o gerente havia intuído.
Ocorre que a China sofre com um problema sanitário em relação à carne de porco. Casos de peste suína africana fizeram que aproximadamente 30% dos rebanhos locais fossem descartados. Com efeito, houve aumento da demanda por proteína de outros países.
Em uma recente missão da ministra Tereza Cristina, da pasta da Agricultura, uma equipe da Pif Paf foi recebida no país. Na ocasião, o gerente geral de relações institucionais sentiu que novas plantas brasileiras seriam aprovadas. Atualmente, 89 indústrias nacionais possuem essa desejada habilitação.
Das 25 unidades brasileiras que receberam a permissão para exportar seus produtos ao país neste ano, a Pif Paf de Visconde do Rio Branco é a única mineira. Por mês, 3,5 milhões de frangos são abatidos no frigorífico. Da marca sediada em Belo Horizonte, que possui dez unidades industriais e 12 operações produtivas, esse é “o que mais vende para o mercado interno”.
Outros mercados
Com uma vasta gama de produtos, a Pif Paf começou o ano explorando novos mercados: sua linha de pães de queijo, que já era vendida na península japonesa e em Angola, passou a ser exportada também aos Estados Unidos. Já os cortes de aves e suínos vão para países como Japão, Vietnã, Canadá, Rússia, Cuba, África do Sul e Argentina. Além dessas, outras 13 nações são atendidas pela marca.
Em termos gerais, a Pif Paf produz em torno de 300 mil toneladas de produtos acabados por ano, entre cortes de aves e de suínos, embutidos e massas.
Mercado local é mais importante
Além de estar trabalhando para dobrar o volume de exportações, a Pif Paf planeja, também para os próximos cinco anos, aumentar em 100% o seu faturamento. Para isso, o gerente geral de relações institucionais da Pif Paf, Cláudio Almeida Faria, lembra que “o mercado interno é o mais importante” para a marca. Atualmente, 93% de toda a produção é consumida em solo nacional.
“A fidelização (desse público) se dá no dia a dia, através de produtos de qualidade e preço adequado”, examina Faria. “E, nesse ponto, a gente tem grande apreciação”, completa ele, que se orgulha de atender a cerca de 90 mil clientes, realizando estimadas 200 mil entregas por mês. “Nós nunca vamos deixar de atender essas pessoas”, diz.
Fundador soube interpretar anseios do mercado
Português naturalizado brasileiro, Avelino Costa comprou, em 1968, o abatedouro Pif Paf – à época, o maior atacadista de frangos vivos do Rio de Janeiro, que empregava sete funcionários.
Atento às mudanças de hábitos, Costa não perdeu o bonde da história: ao notar que o dia a dia exigia mais praticidade, passou a comercializar as aves congeladas.
Em resposta à inovação, a demanda se ampliou, e a empresa foi se instalando em Minas Gerais. Primeiro, chegou a Viçosa. Depois, em 1972, transferiu-se para Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata.
Nos anos 80, a companhia escoava a maior parte da sua produção para o Oriente Médio. Todavia, uma série de problemas provocou um colapso no negócio, que precisou se reestruturar.
Hoje, a Pif Paf emprega cerca de 8.000 pessoas, fatura em torno de R$ 2 bilhões por ano e está entre as gigantes brasileiras do setor de processamento de aves e suínos.
Investimento
Crescimento. Considerando tanto os novos mercados conquistados como investimento em produtos de maior valor agregado, a Pif Paf espera crescer 10% em 2019.