O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deu novos detalhes sobre a operação deflagrada nesta quinta-feira (01/02) contra a 123milhas, empresa de turismo de Belo Horizonte que solicitou recuperação judicial no ano passado e causou prejuízos para milhares de clientes do programa Promo, que oferecia passagens aéreas com preços mais baixos. Dezessete mandados de busca e apreensão foram cumpridos hoje na capital mineira, em endereços ligados aos responsáveis pela empresa. 

Em entrevista coletiva, a delegada Karla Hermont confirmou que foram apreendidos os telefones celulares dos donos do Grupo 123milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira, e outros materiais na operação desta quinta-feira. 

“Dentre os materiais a gente aprendeu uma vasta documentação, muitas mídias, notebooks, computadores e esse material já está todo separado para ser analisado agora”, explicou. 

Também presente na entrevista coletiva, o promotor Rodrigo Storino explicou porque a empresa está sendo investigada por suspeita de estelionato, por meio de associação criminosa, e de lavagem de dinheiro, com possível ocultação de valores e bens.

“Chegaram ao Ministério Público diversas demandas para verificar a forma de operação das atividades do grupo 123milhas e, a partir das investigações, nós conseguimos verificar que em momento crítico anterior ao anúncio da suspensão desse programa e do pedido de recuperação judicial, pessoas relacionadas ou vinculadas direta ou indiretamente ao Grupo 123milhas tinham realizado movimentações financeiras e imobiliárias consideradas suspeitas", afirmou.

"A partir disso, instauramos a  investigação, identificamos essas pessoas, e na data de hoje deflagramos a operação na busca de coletar elementos tanto físicos quanto digitais que nos permitem dizer se a gestão do Grupo 123milhas foi fraudulenta ou se acabou gerando prejuízo (para os clientes) por uma administração mal-sucedida”, completou o promotor.

Ainda conforme o MPMG, além da atuação criminal, foram ajuizadas ações civis públicas para a tutela coletiva dos consumidores lesados, sendo deferidos pedidos de bloqueio judicial de bens e valores das empresas e dos sócios.

Em nota, a 123milhas afirmou que “se colocou à disposição das autoridades e forneceu documentos sobre suas operações.” A empresa também disse que "disponibilizou toda a sua documentação fiscal, assim como a de seus sócios, à Comissão Parlamentar de Inquérito das Pirâmides Financeiras".

"Os gestores da 123milhas estão, no momento, dedicados ao processo de recuperação judicial para quitar todos os débitos com os credores. O Grupo 123milhas reafirma seus preceitos de responsabilidade e transparência com clientes, credores e autoridades e aguarda mais informações do Ministério Público para prestar os esclarecimentos necessários," diz o comunicado.

Denominada Mapa de Milhas, a operação desta quinta-feira foi conduzida pela 14ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor da Capital, com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Central) e do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet). Participaram da operação oito promotores de Justiça, cinco delegados de Polícia Civil, 53 investigadores, um policial militar e cinco servidores do Ministério Público.