Censo IBGE

Por que a população da capital caiu e a da Grande BH cresceu? Entenda

O preço dos imóveis pode estar relacionado com o assunto; especialista explica por que


Publicado em 28 de junho de 2023 | 18:55
 
 
 
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (28) dados do Censo Demográfico. Uma das questões que mais chamou atenção dos estudiosos foi a queda populacional de -2,5% em Belo Horizonte, enquanto a maior parte das cidades da Grande BH teve expressivos aumentos (veja lista no fim da matéria). As explicações para o encolhimento da capital mineira podem estar em uma possível diminuição nas taxas de fecundidade e também na questão migratória, ou seja, muita gente saindo da metrópole para cidades próximas.

Especialistas acreditam que um dos motivos para a questão migratória esteja no preço dos imóveis dentro da capital, que acabam obrigando o morador a buscar alternativas mais distantes. Uma pesquisa do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) mostra que, em BH e Nova Lima, na região metropolitana, no fim de 2022, apenas 3,4% dos imóveis disponíveis para venda tinham preços até R$ 236 mil, considerado padrão econômico.

Diferente de BH, a população de Nova Lima, no entanto, cresceu 37,9% no período. A cidade, conhecida pelos condomínios de luxo, possui a maior renda média do Brasil, segundo estudo da Fundação Getulio Vargas. 

De acordo com Frederico Poley, que coordena estudo de déficit habitacional na Fundação João Pinheiro, um dos importantes pontos a se observar é que Belo Horizonte é uma capital relativamente pequena em termos de espaço, o que torna as opções habitacionais mais escassas.

“BH já não tem muito mais áreas de expansão, não tem área rural, por exemplo, o que não acontece nesses outros municípios da região metropolitana”, diz. “Em BH, normalmente, as áreas já estão urbanizadas, são áreas em que o preço da terra normalmente é mais alto, e isso acaba selecionando as pessoas e afetando principalmente a população mais carente”, comenta.

Poley explica que o fenômeno de migração da grande cidade se chama periferização e é comum de acontecer. Porém, segundo o especialista, os dados do Censo foram uma surpresa para todos. “Eu acho que a maioria dos especialistas não esperava uma redução da taxa de crescimento tão acelerada”, diz. Belo Horizonte reduziu de 2.375.151 habitantes para 2.315.560, uma diferença de quase 60 mil. 

Transporte de qualidade poderia baratear imóveis

Ainda na visão de Frederico Poley, melhorar o transporte público seria uma ação importante para baratear os imóveis. “Belo Horizonte é onde normalmente se concentra a maior parte dos empregos, né? Então, tem que melhorar o transporte. Essa é uma forma, inclusive, de melhorar a questão da qualidade de vida e até viabilizar o melhor preço dos imóveis”, analisa.

Mas como assim? Na perspectiva do especialista, quando o transporte tem mais qualidade e infraestrutura, o morador tem mais “tranquilidade” para pensar em morar mais longe do trabalho. Uma vez que as pessoas passam a sair do centro urbano, a procura por imóveis diminui nesses locais, deixando-os mais baratos. “Quando o transporte é muito ruim, todo mundo quer morar perto do emprego, e aí aumenta o valor dentro de Belo Horizonte, de certa forma”, avalia.

Centro Urbano de BH cresceu “pouco”

De acordo com os dados do IBGE, a concentração urbana de BH, que considera questões demográficas, econômicas, históricas e geográficas por meio de agregação de municípios, cresceu 4,62%. É a 3ª maior do país. Para esse cálculo, o IBGE considera BH e as 22 cidades da região metropolitana que estão mais “conectadas”. Em 2010, eram 4.744.076 pessoas. Em 2022, saltou para 4.963.116.

Veja abaixo a tabela de municípios que compõem a concentração urbana de Belo Horizonte:

 

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