Com unidade fabril na cidade mineira de Timóteo, Vale do Aço, a Aperam South America, maior produtora de aço inox da América Latina, anunciou nesta terça-feira (24) investimentos de R$ 588 milhões no Estado. Os planos foram apresentados ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema, em cerimônia na Cidade Administrativa. Na ocasião, o presidente da Aperam South America, Frederico Ayres Lima, também anunciou um marco importante para a empresa: A Aperam acaba de se tornar a primeira do mundo em seu segmento com balanço carbono neutro.
Em entrevista exclusiva para o portal O TEMPO, o presidente da Aperam, antiga Acesita, disse que a empresa neutralizou, por meio de florestas plantadas, todos os gases de efeito estufa emitidos em seus processos produtivos. Ele disse ainda que a siderúrgica vem investindo em Minas e que aposta em tecnologias e sustentabilidade para ampliar seus negócios. “A Aperam mantém um Centro de Pesquisas próprio na cidade de Timóteo (MG), com laboratórios equipados com tecnologia de ponta e equipe altamente capacitada, que nos permite acompanhar o avanço do mercado global”, disse exclusivamente ao portal O TEMPO. “As oportunidades de desenvolvimento para o setor virão da digitalização, automação, reorganização de centros urbanos, ao lado da substituição de fontes de energia pelas renováveis e da redução das emissões de gás carbônico na atmosfera”, concluiu
Frederico Ayres Lima também falou sobre expectativas futuras. “O Brasil tem muito potencial do consumo aparente de aço. Agora, precisa fazer dever de casa na economia pra favorecer esse crescimento. Quando o PIB cresce, a demanda por aço cresce também”.
Confira a entrevista exclusiva de Frederico Ayres Lima, presidente da Aperam South America
Quais os investimentos da Aperam na planta de Timóteo?
O recurso (anunciado nesta terça-feira, 24) representa a segunda etapa de uma série de investimentos que a companhia vem fazendo em Minas Gerais. Em 2021, ainda no cenário da pandemia, a Aperam investiu outros R$ 243 milhões na atualização das linhas de aço inoxidável e aços elétricos. Com isso, a empresa acumula entre 2021 e 2022, R$ 831 milhões investimentos no Estado.
Há cenário para mais investimentos?
Acreditamos no potencial do nosso país, do nosso mercado e atuamos sempre atentos às novas oportunidades de aplicações de aços inoxidáveis. Há 25 anos a Aperam mantém um Centro de Pesquisas próprio na cidade de Timóteo (MG), com laboratórios equipados com tecnologia de ponta e equipe altamente capacitada, que nos permite acompanhar o avanço do mercado global, entregando produtos cada vez melhores no que diz respeito à resistência e qualidade.
O que significa para a empresa atingir esse marco do carbono neutro?
Muito. Ser carbono neutro é produzir sem emitir gases de efeito estufa, neutralizando a emissão de gases gerados no processo industrial.
A empresa vai vender crédito de carbono?
Esta é uma questão nova, que ainda está sendo regulamentada. Nosso foco, neste momento, é continuar investindo para garantir a produção sustentável de aço, fornecendo ao mercado um produto que, além de verde e repleto de inovação, é carbono neutro, não contribuindo para o efeito estufa. Queremos que nossos clientes, o consumidor final e a sociedade em geral, que usufrui de inúmeras estruturas e equipamentos feitos com o Aço Verde Aperam, saibam que seu consumo não contribui com o aquecimento global. É esse valor que caminhamos a passos largos para entregar ao mercado e à sociedade, desde nossa transição energética, e temos muito orgulho em ter conseguido chegar a este ponto. O mercado de carbono tem grande importância, principalmente como fator incentivador para que as empresas tornem-se mais sustentáveis. Do ponto de vista econômico, havendo a possibilidade de ingressar nesse mercado e fortalecer a sustentabilidade do nosso negócio, certamente o faremos. Mas, neste momento, não é o nosso foco.
Como vê a atual economia do país? Há cenário para novos investimentos?
O Brasil tem muito potencial do consumo aparente de aço. Agora, precisa fazer dever de casa na economia pra favorecer esse crescimento. Quando o PIB cresce, a demanda por aço cresce também. A estagnação na economia reflete no aço. O que pode ser agravado com grande volume de estoque e chegada de importações atrasadas.
O que sugere para a Economia voltar a crescer?
O consumo de aço é um indicador do estágio de desenvolvimento industrial de um país e está diretamente ligado ao PIB (Produto Interno Bruto). No Brasil, o consumo per capita cresce de forma muito lenta e o mercado do inox ainda é pequeno, em comparação a outros países. O crescimento da indústria siderúrgica como um todo, no médio prazo, incluindo o segmento do inox, depende do crescimento econômico e então de ações do governo na redução do custo Brasil (melhor infraestrutura, redução da carga tributária, etc). As indústrias nacionais podem conseguir importantes avanços se investirem em inovação, por meio da otimização de processos e do desenvolvimento de produtos com tecnologia diferenciada, oferecendo maior valor agregado para o mercado. É nessa ótica que a Aperam South America tem operado, especialmente em relação ao inox, nosso carro chefe, para possibilitar o crescimento nos próximos anos.
O que vem pela frente?
Eu diria que a principal visão para a indústria do aço no médio prazo, especialmente a do inox, é do crescimento atrelado à inovação e à sustentabilidade. Na Aperam, decidimos unir essas duas ideias em um único conceito, que chamamos de inovabilidade, porque uma não pode caminhar sem a outra. As oportunidades de desenvolvimento para o setor virão da digitalização, automação, reorganização de centros urbanos, ao lado da substituição de fontes de energia pelas renováveis e da redução das emissões de gás carbônico na atmosfera. Todo o nosso investimento em pesquisa e desenvolvimento de soluções de ponta em aço inox e elétricos partem desses princípios e essa é a nossa principal previsão: quem não se adaptar a esse novo cenário, não terá meios de sobreviver.