Empresas do mercado erótico ganham cada vez mais espaço, principalmente entre o público feminino. Para se ter uma ideia, em 2020, a venda de vibradores ultrapassou a marca de 1 milhão de unidades no Brasil. Dessas, mais de 500 mil foram vendidas pela empresa A Sós, que, de lá para cá, triplicou suas vendas e seu faturamento. No ano passado, a empresa faturou cerca de R$ 18 milhões e pretende crescer 20% entre 2023 e 2024.
Fundada em Belo Horizonte, em 2008, pelo empresário Paulo Arêdes, a marca de produtos eróticos trabalha há 15 anos com foco na saúde feminina e no empreendedorismo e foi destaque do quadro “Prazer, Renata”, do Fantástico, da TV Globo, no último domingo (29/10). De acordo com a diretora de marketing da empresa, Juliana Silva, A Sós foi criada com foco na venda direta, para atingir principalmente mulheres que tinham “vergonha” de entrar em um sex shop ou queriam algo mais discreto. “Paulo pensou: e seu colocasse o sex shop em uma sacola?”, conta.
“Quando as vendedoras começaram a levar o produto nas casas das clientes, perceberam que elas pensavam muito no marido, em satisfazer o prazer do marido, e não o dela”, conta. “Desde essa época, entendeu-se que a empresa precisava também de produtos pensados para o bem-estar sexual da mulher”, diz.
Nesse sentido, a empresa hoje trabalha com uma linha de produtos que vão desde o cuidado íntimo até a satisfação do prazer. Ao todo, são mais de 1.200 produtos, divididos em vibradores, lubrificantes, gel de massagem, dermocosméticos, hidratantes, esfoliantes, linha vegana, aromaterapia e kit pompoarismo. Este último visto hoje como um aliado da fisioterapia para fortalecimento dos músculos da vagina, que podem ser fragilizados por diversas condições de saúde.
Na parte de dermocosméticos, é possível citar, por exemplo, hidratantes para clareamento da virilha. “A gente sabe que você quer usar o biquíni, por exemplo, e quer se sentir bem”, pontua Juliana. Todos os produtos são marca própria, desenvolvidos pela A Sós, com inspiração no mercado internacional e com foco no que as clientes mais procuram. “Aqui a mulher gosta de potência, delicadeza”, diz Juliana sobre os vibradores.
Vendedoras não, consultoras!
Para além de vender o produto, a empresa sentiu também necessidade de oferecer educação sexual. “Hoje a gente vê que a pessoa que tem educação sexual no Brasil é exceção”, frisa Juliana. A empresa passou, então, a promover congressos e capacitar as consultoras para passar conhecimentos acerca da saúde sexual. “O setor mudou a personalidade do erótico para o bem-estar. Eu não vou ter prazer se eu não me conhecer e não me sentir bem comigo mesma”, diz.
Ao todo são mais de 5 mil consultoras treinadas para ensinar outras mulheres a conhecerem melhor os próprios corpos. “Nosso primeiro valor é o da escuta. Duas mulheres sentadas falando de sexo promovem uma pequena revolução”, comenta Juliana, lembrando que a sexualidade feminina ainda é um tabu.
Além disso, "muitas mulheres que começam a vender A Sós não têm graduação, não têm formação. Muitas começam a trabalhar com A Sós e investem nos estudos”, comenta. “Elas entram para fazer renda extra e encontram um universo de possibilidades e impactam o próprio círculo delas.”
Vendas
Além das vendedoras, a empresa tem um site, com produtos para venda online e também uma loja física em BH. A loja conceito da A Sós fica no bairro Ouro Preto e tem uma estética que não lembra um sex shop. Propositalmente, os primeiros produtos expostos na loja são dermocosméticos. “Tem gente que entra sem perceber que é uma loja de produtos eróticos”, brinca Juliana.