Impostos

Sonegação em combustíveis chega a R$ 14 bilhões por ano, diz instituto

Estimativa foi divulgada nesta quarta (14) pelo Instituto Combustível Legal, com base em dados tributários de 2018

Por FOLHAPRESS
Publicado em 14 de abril de 2021 | 21:22
 
 
 
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 A sonegação de impostos nas vendas de combustíveis reduz a arrecadação de estados e União em R$ 14 bilhões por ano, segundo estimativa divulgada nesta quarta (14) pelo ICL (Instituto Combustível Legal), com base em dados tributários de 2018.

O valor inclui o não pagamento de impostos federais e estaduais e é usado pelo instituto em campanha para pressionar pela aprovação de projeto de lei que estabelece punições a devedores contumazes, empresas que deixam de pagar impostos de forma recorrente.

Segundo o instituto, débitos desse tipo de empresa no setor de combustíveis inscritos na dívida ativa de estados passa de R$ 70 bilhões. "É uma arrecadação que faz falta, principalmente nesse momento", diz o diretor-presidente do ICL, General Guilherme Theophilo.

Segundo o instituto, a campanha, batizada de "Diga não à sonegação", tem o objetivo de "sensibilizar e informar sociedade, opinião pública, parlamentares e tomadores de decisão sobre os prejuízos causados pela prática sistemática e nociva do devedor contumaz." O ICL argumenta que o problema ocorre também em setores que têm elevada tributação como cigarros e bebidas, e por isso a aprovação de lei para diferenciar devedores eventuais, isto é, empresas em dificuldades financeiras, de empresas que deixam de pagar impostos como estratégia anticompetitiva.

"Inadimplência temporária é algo que pode acontecer a toda e qualquer empresa, e este tipo de devedor não pode ser tratado como um devedor contumaz", afirmou o instituto, em nota.

A diferenciação é tema de um projeto de lei apresentado pela senadora Ana Amélia (PP-RS) em 2017. O último movimento do projeto ocorreu no dia 2 de fevereiro, com a devolução do texto pelo antigo relator, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-RO), que assumiu a presidência da Casa.

O projeto dá aos estados poder para criar programas especiais de tributação de devedores contumazes, como a cobrança antecipada do imposto. "É a única vacina para a sonegação", diz o diretor-geral do ICL, Carlo Faccio.

"Essas empresas que são devedoras crônicas acabam também afetando o mercado concorrencial", afirma Faccio. "Muitas vezes são orquestradas com laranjas, que saem da linha de fiscalização tradicional. Acabam levando mercado com isso, gerando também a aquisição de produtos de origem duvidosa."

O ICL apoia a reforma no modelo de cobrança de tributos no setor, que é alvo de um projeto de lei apresentado pelo governo Jair Bolsonaro ao Congresso em fevereiro. Para o instituto, a mudança tem efeito no combate a fraudes no setor.

A ideia é sair do modelo atual, de cobrança de um percentual sobre o preço do produto, para um valor em reais por litro, que seria o mesmo em todos os estados. A medida evitaria a compra de produtos em estados com carga tributária menor para a venda em outras regiões.

Há, porém, grande resistência dos governos estaduais em relação à proposta. Primeiro, porque a uniformização do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) reduziria a arrecadação naqueles estados que cobram mais e aumentaria o preço nos que cobram menos. Depois, porque a proposta reduz a autonomia das Fazendas estaduais para gerir suas receitas.

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