BRASÍLIA - Em um tom descontraído e diferente do habitual, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, foi entrevistada pela apresentadora Ana Maria Braga no programa Mais Você, da TV Globo, na manhã desta terça-feira (1º). 

Durante o tradicional café da manhã com a apresentadora, a ministra incentivou que os eleitores compareçam às urnas no próximo domingo, 6 de outubro, para o primeiro turno das eleições municipais.

A ministra reforçou a necessidade de ampliar o espaço feminino na política, destacando que, embora as mulheres representem praticamente 52% da população e do eleitorado brasileiro, ainda ocupam poucos espaços de poder.

“Na sociedade composta por maioria de mulheres, é estranho que haja ainda tanto preconceito contra elas”, afirmou. Nestas eleições, as candidaturas femininas representam apenas 34% de todas as registradas na Justiça Eleitoral.

O número é próximo do mínimo exigido por lei, de 30%. A ampliação dessa representatividade precisa seguir com atenção, na visão da ministra, para incluir também mulheres negras.

A presidente do TSE citou como fator que afasta a presença feminina o discurso de ódio, que é “sexista, misógino e desmoralizante”. Ela contou que esses casos são seguidos com cenas “muito graves” e que afetam a vida privada da mulher como família. 

“Situações assim precisam ser denunciadas, porque é uma forma de desestruturar uma pessoa”, disse. Na entrevista, foi exibida uma foto que mostra Cármen Lúcia como a única mulher entre os 11 integrantes atuais do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os 171 ministros que já passaram pela história da Suprema Corte, apenas três são mulheres.

Ministra ganha marmita com pão de queijo

 

Ao final do programa, Cármen Lúcia saiu do estúdio com uma marmita que recebeu como presente. Dentro da marmita estavam coxinhas e pão de queijo, oferecidos à ministra no início da entrevista. 

 

“Eu como pouco”, revelou, acrescentando que costuma tomar muito café. A presidente do TSE também recebeu flores, uma cafeteira e uma colher de pau, a qual disse ter “mania de usar”.

 

Rotina

 

Presidindo o TSE pela segunda vez, Cármen Lúcia contou que enfrenta uma rotina “insana” e “trepidante" nesses últimos dias em função do período. “É um trabalho eu diria quase que insano no sentido de que você tem que saber que é preciso fazer, e você não tem que questionar, só tem que ter o desempenho”, contou.

 

Ela acrescentou que as eleições municipais são mais complicadas por ocorrerem em todos os municípios do país. “A eleição geral não foi tranquila em 2022, já não foi muito tranquila em 2018, mas é mais fácil no sentido de ser uma eleição no país inteiro”, comparou sobre as eleições gerais, quando as disputas são para cargos estaduais e para presidente.

 

‘Das Gerais’

 

Mineira de Montes Claros, cidade do Norte de Minas, Cármen Lúcia contou que sua família mora em Espinosa, mas não havia médicos na cidade para que seu parto fosse realizado.

 

“Então meu pai levava minha mãe para que a gente nascesse onde tinha que se registrar. Somente há poucos anos o Brasil passou a permitir que as famílias se deslocassem por essas regiões, podendo registrar o nascimento onde têm suas histórias. Mas é tudo o sertão mineiro”, contou. 

 

"Sou dos Gerais, como eu falo. Das Minas são plurais. São Minas e são Gerais. Gerais é o descampado, é a região do sertão”, frisou, contando que construiu carreira como procuradora do Estado de Minas Gerais de 1983 até 2006, até ser indicada para uma vaga no STF. 

 

Eleições

Faltando cinco dias para o primeiro turno eleitoral, Cármen Lúcia frisou que os eleitores não devem ir às urnas como uma obrigação, mas sim como uma oportunidade de exercer um direito adquirido e contribuir com a democracia.  

“Eu acho que nós deixamos um recado com o voto. Quem vier depois de nós vai poder dizer que nós lutamos para que pudessem escolher suas vidas. E que a vida seja muito melhor para todo mundo”, declarou, completando com uma citação a banda Titãs: “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”.

Ela reforçou que as eleições serão realizadas em 5.569 cidades do país para escolha de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores e que o horário de votação será padrão seguindo o fuso horário de Brasília, das 8h às 17h. Ou seja, o Estado que tiver um fuso diferente terá que se adequar.

O e-Título, que fornece uma versão digital do título de eleitor e estará disponível para download nas lojas de aplicativo até sábado (5), foi destacado como documento único para votar, para quem tem a foto na plataforma. Caso contrário, basta um documento oficial com foto.