BRASÍLIA - O 11º e último debate do primeiro turno entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, nesta quinta-feira (4), começou bastante morno, com discussões de propostas para a cidade. Mas a partir do terceiro bloco, ataques e provocações deram o tom do confronto.
Guilherme Boulos (PSOL) ironizou o clima ameno do debate até ali, dizendo que achava “esquisito” o perfil demonstrado por Pablo Marçal (PRTB) nesta noite.
“Tumultou a eleição inteira e agora quer pagar de bonzinho, de lobo em pele de cordeiro. Aliás, o Marçal acusar alguém de extremista é igual à Suzane von Richthofen acusar alguém de assassinato”, atacou o psolista.
“Interessante ver essa mudança sua, Guilherme. Você é o candidato mais rico aqui, um socialista de iPhone, que recebeu do Lula R$ 30 milhões do Fundo Eleitoral. Quem é de direita, votou nos deputados do PL e o maior doador da campanha do Ricardo Nunes é o Valdemar Costa Neto, aquele do mensalão, respondeu Marçal, que ainda chamou o adversário de “esquerdopata”.
Marçal ainda fez menção a um relatório de Boulos que livrou o deputado federal André Janones (Avante-MG) de uma denúncia por rachadinha no Conselho de Ética da Câmara.
Boulos exibe exame toxicológico
Em outro momento, Pablo Marçal voltou a insinuar que Guilherme Boulos é usuário de drogas ilícitas. Ele disse que o deputado do PSOL quer descriminalizar as drogas e “deve conhecer melhor a cidade na questão de biqueiras”.
O psolista anunciou que estava publicando, em sua rede social, um exame toxicológico e provocou o adversário para que ele postasse o seu "psicotécnico".
Boulos mira Nunes e cita traficante do PCC
Em uma pergunta para o prefeito Ricardo Nunes (MDB), Boulos citou um matéria do portal Uol sobre o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Siurb), Eduardo Olivatto, que é ex-cunhado de um líder do PCC, o traficante conhecido como Marcola. Olivatto teria relação com contratos milionários da pasta, assinados sem licitação.
“R$ 5 bilhões que passaram pela mão do cunhado do Marcola. Ricardo Nunes, explique sem mentir e sem falar de outros temas: por que você entregou dinheiro da prefeitura para o cunhado de Marcola?”, questionou.
“O rapaz que você está falando da matéria é funcionário de carreira da prefeitura. Entrou no concurso em 1988, era gestão da Erundina. A irmã era casada com o cara da criminalidade e morreu há 20 anos. Você vem com essa conversinha, você acha que quem está assistindo vai cair nessa conversinha do Boulos? Para de querer enganar as pessoas, Guilherme”, rebateu Nunes.
Nunes contra-atacou citando, também, o caso de André Janones no Conselho de Ética da Câmara, que foi relatado por Boulos.
“Quem tem apoio a qualquer tipo de corrupção é você, quando foi lá o relator do caso do Janones, da rachadinha. Você pôs sua digital lá. Eu não tenho nenhuma investigação contra mim”, respondeu Nunes.
“Ricardo Nunes mente e nem fica vermelho. [...] Sobre Janones, já expliquei mais de uma vez. Rachadinha para mim é crime. Independente se é do Janones, do Flávio Bolsonaro, que é seu amigo, de quem quer que seja. Que a Justiça julgue e que se for culpado que pague”, destacou Janones.
Marçal cita suposta agressão de Nunes
Já na reta final do debate, Pablo Marçal fez questão de destacar a denúncia feita pela esposa de Ricardo Nunes, em 2011, de violência doméstica. Ela chegou a registrar um boletim de ocorrência. “Quem não gosta de mulher é alguém que está aqui e tem boletim de ocorrência por violência contra a mulher”, disse.
Nas considerações finais, o prefeito voltou a negar as acusações e disse que o oponente é uma pessoa “ruim”.
“Leia o B.O., não tem nada de agressão física. Tivemos uma discussão por telefone e por mensagem. Isso que eu precisava falar. É injusto o que ele faz. Porque ele é malvado, ele é ruim. Ele é ruim”.
Também em sua fala final, Marçal rebate: “malvado é um homem que tem coragem de dar a conta dele, da esposa e da filha na máfia das creches e tá sendo investigado pela Polícia Federal”.
Tabata diz que gesso de Marçal é encenação
A candidata Tabata Amaral (PSB) chamou atenção para o fato de Pablo Marçal estar, desde o dia 17 de setembro, com o braço direito engessado devido à cadeirada que levou de José Luiz Datena (PSDB) no debate da TV Cultura, no dia 15, mesmo sem ter havido fratura.
“Pra gente ver como a mentira vai até na pequena coisa. Esse homem tá há três semanas com esse gesso cenográfico. A gente sabe que não tem nada ali, mas ele continua encenando”, disse.
“A dra. Cláudia, que tá aqui à esquerda, falou que é fajuto isso aqui. Espero ela nunca ser agredida como eu fui agredido em rede nacional. Ela chama Cláudia. Senta lá, Cláudia”, respondeu Marçal, em menção ao nome de batismo da deputada, Tabata Claudia.
Datena mira o prefeito
Mais discreto no debate, José Luiz Datena teve Ricardo Nunes como alvo preferencial. Apesar de ter dito não acreditar que o prefeito seja “bandido e criminoso”, afirmou que ele “precisa se informar melhor” para não responder a processos criminais, como o da máfia das creches. E criticou a concessão feita pela Prefeitura sobre os cemitérios.
“Esses caras que pegaram a concessão da morte estão negociando com a vida e com a morte. O brasileiro não é respeitado nem em vida, quanto mais na morte”.