BRASÍLIA - Há cerca de um ano, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, colocou como meta a conquista de 1.000 prefeituras nas eleições deste ano. Hoje, porém, correlegionários admitem que a estimativa foi pouco realista. Isso porque apenas o antigo PMDB, quando era a sigla de maior capilaridade do país, conseguiu atingir tal patamar.

Ainda assim, a expectativa é que no pleito municipal deste ano o PL dobre o número de 348 prefeituras conquistadas em 2020. Na época, o clã Bolsonaro ainda não tinha se filiado à legenda, que tinha como principal marca ser parte do “centrão raiz”. Para aumentar a representatividade, o PL apostou em seus principais cabos eleitorais. 

A redução da meta também é parte de uma estratégia de apoiar candidaturas de outros partidos, em busca de fortalecer possíveis alianças para as eleições de 2026. Em São Paulo, por exemplo, o PL abriu mão da candidatura do deputado federal Ricardo Salles para apoiar o prefeito Ricardo Nunes (MDB). O mesmo aconteceu em Porto Alegre, onde a sigla compôs a chapa à reeleição de Sebastião Melo (MDB). Em ambos os casos, a legenda indicou o candidato a vice.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) cumpriram agendas de campanha de candidatos por todo o país. Desde agosto deste ano, o ex-presidente esteve em 15 dos 26 Estados brasileiros, sendo 12 capitais.

Na eleição mais visada do país, em São Paulo, o ex-presidente foi discreto e não participou presencialmente da campanha de Ricardo Nunes. Mas fez campanha para aliados no interior. O mesmo ocorreu nos três Estados do Sul do país, onde ele rodou por dezenas de cidades, mas sem passar pelas capitais.

Por outro lado, capitais como Belo Horizonte, Fortaleza (CE), Porto Velho (RO) e Goiânia (GO) tiveram o ex-presidente nas ruas, mesmo quando seu candidato tinha chances remotas de deslanchar, como em Recife (PE) com o ex-ministro Gilson Machado. O intuito foi mostrar apoio a aliados de primeira hora.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente foram outros “ativos” da legenda. Ela chegou a ir a Estados onde o marido não foi, como o Acre, enquanto o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP) circulou pelo Mato Grosso, incluindo a capital Cuiabá. Já o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro focaram no Rio de Janeiro.

A participação de Michelle nas campanhas é vista por Valdemar Costa Neto como um trunfo para diminuir resistências no eleitorado feminino em relação ao bolsonarismo e para fidelizar ainda mais o voto evangélico. A ex-primeira-dama é considerada pelo cacique do PL uma das figuras mais carismáticas da legenda e uma aposta para o futuro.

Nikolas também viajou pelo país

O deputado federal Nikolas Ferreira foi um cabo eleitoral de destaque para o partido de Bolsonaro nestas eleições. Além de ter participado de comícios e carreatas com outras apostas do PL, como o deputado André Fernandes, candidato a prefeito de Fortaleza, o parlamentar mineiro apoia formalmente mais de 200 nomes para as Câmaras Municipais do país. A maioria deles jovens.

Desde agosto, Nikolas passou por todos os Estados do país. Nesta última semana, por exemplo, além de Belo Horizonte, fez campanha para aliados em capitais como Rio Branco (AC) e Palmas (TO).