BRASÍLIA - O prefeito Ricardo Nunes (MDB) conseguiu avançar ao segundo turno da eleição municipal de São Paulo, como o mais votado no primeiro turno, com 29,48% dos votos válidos. Sua candidatura pela reeleição deslanchou após o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), entrar de vez na campanha.

Agora, Nunes conta principalmente com o apoio e os votos de Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado no primeiro turno (28,14%), para bater Guilherme Boulos (Psol) no segundo turno – ele teve 29,07%. Ele também espera maior participação de Jair Bolsonaro (PL) em sua campanha. No primeiro turno, o ex-presidente não participou ativamente da campanha do emedebista. 

Bolsonaro chegou a flertar com Marçal, que o havia apoiado no segundo turno da eleição presidencial de 2022. Isso resultou em uma divisão entre os eleitores e aliados do político do PL, que ficaram entre Nunes e Marçal, o autointitulado ex-coach, que acredita ter uma postura mais alinhada com a de Bolsonaro.

Em meio a isso, os dois principais candidatos da direita à Prefeitura de São Paulo trocaram pesadas acusações nos debates na TV. Ao fim de um deles, no Flow Podcast, um assessor do influenciador deu um soco no rosto de Duda Lima, marqueteiro do atual prefeito.

Suposta agressão à esposa e ‘Máfia das creches’

A confusão foi desencadeada após Marçal dizer, nas considerações finais, que o prefeito seria preso. Ele se referia a investigação do Ministério Público do Estado de São Paulo sobre superfaturamento de contratos de creches privadas conveniadas à prefeitura. O caso teria ocorrido durante o mandato de vereador de Nunes, que supostamente recebeu repasses de empresas envolvidas no esquema conhecido como “Máfia das Creches”.

Em julho, a Polícia Federal indiciou 111 pessoas por desvios de recursos em creches de São Paulo e manteve Nunes sob investigação. Ele nega as irregularidades. Segundo a PF, o esquema teria movimentado cerca de R$ 1,5 bilhão entre 2016 e 2020. Empresas de amigos e familiares do emedebista teriam sido beneficiadas, e há indícios de que uma das organizações sociais envolvidas tenha feito pagamentos diretos para a conta pessoal do emedebista. 

Marçal explorou um episódio de 2011, em que Regina Carnovale, esposa de Ricardo Nunes, fez um boletim de ocorrência contra o marido acusando-o de ameaças e injúria no âmbito de violência doméstica.  O assunto já havia sido pauta nas eleições municipais de 2020, momento em que ela mudou a versão, dizendo não ter dito a verdade e afirmando não se lembrar de ter feito o boletim de ocorrência.

Com a aproximação das eleições de 2024, o assunto voltou a ser questionado, e o prefeito afirmou que tal documento é falso. A Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública paulistas, porém, contradizeram o prefeito, afirmando que o documento é real. Desde então, o emedebista tem tentado se aproximar do eleitorado feminino, fazendo campanha ao lado da mulher e da filha, que está grávida. 

Nunes assumiu prefeitura após morte de Bruno Covas

O empresário Ricardo Luís Reis Nunes, que tem 56 anos, assumiu a Prefeitura de São Paulo após o líder da chapa vencedora em 2020, Bruno Covas (PSDB), morrer por conta de um câncer, em maio de 2021. 

Antes de ser vice-prefeito, Nunes foi duas vezes vereador na capital paulista, eleito em 2012 e 2016. No primeiro mandato, ganhou destaque na política local por liderar o grupo de vereadores que atuava para barrar a inclusão da temática de sexualidade e gênero no Plano Municipal de Educação (PME) da capital paulista.

Ele foi ainda o relator do projeto na Comissão de Finanças e retirou, em sua revisão, todas as menções à palavra “gênero” do PME, levando manifestantes das causas feministas e LGBTQIA+ ao plenário da Câmara Municipal. 

Até então, além de empresário, o emedebista era conhecido como líder comunitário da Zona Sul da capital paulista, que construiu uma trajetória apoiada no MDB, um partido grande, e nas relações com setores da Igreja Católica. 

Politicamente ele ganhou mais força ao assumir a presidência municipal do MDB. O partido esperava emplacar José Luiz Datena como vice de Covas em 2020, mas como o apresentador desistiu do projeto, o nome de Nunes ganhou a preferência na corrida interna. Quatro anos depois, ambos ficaram em lados opostos, com o apresentador como o nome do PSDB na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Prefeito fundou empresa de controle de pragas

Como empresário, Nunes fez fortuna combatendo pragas, em especial na desinfecção de navios nos portos brasileiros, impedindo a destruição de grandes remessas de grãos. Em 1997, ele criou a Nikkey, que se tornou uma das maiores empresas do ramo no Brasil, com cerca de 400 funcionários e unidades em portos e aeroportos nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo.

Em virtude desse sucesso, foi o fundador da Associação Brasileira das Empresas de Tratamento Fitossanitário (Abrafit) e assumiu o cargo de diretor na Associação Empresarial da Região Sul de São Paulo (Aesul).  As declarações de bens de Nunes à Justiça Eleitoral oscilaram pouco mais de 10% desde a primeira eleição, quando declarou ter R$ 4,2 milhões em bens, até 2020, quando informou um patrimônio de R$ 4,8 milhões. As principais posses em seu nome são imóveis.

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