Apesar de o deputado estadual Bruno Engler (PL) ser apadrinhado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o prefeito e candidato à reeleição, Fuad Noman (PSD), não deve nacionalizar o 2º turno em Belo Horizonte. De olho no eleitor de centro-direita, a campanha não quer vincular a imagem de Fuad, que chegou a utilizar suspensórios vermelhos nos últimos sábado e domingo (6 de outubro), à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).   

O presidente estadual do PSD, Cássio Soares, afirmou que a campanha não irá atrás de Lula para trazê-lo a Belo Horizonte até 27 de outubro. “Nós não vamos nacionalizar a campanha”, pontua Cássio. “Nós fomos muito agredidos e não tivemos nenhuma manifestação, a nível nacional, do presidente Lula, a respeito desta postura. Neste momento, vamos continuar fazendo a campanha neste nível de equilíbrio”, emenda o deputado estadual, em referência à postura do deputado federal Rogério Correia (PT).

Nesta segunda-feira (7 de outubro), o ministro chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, confirmou que Lula apoiará Fuad contra Engler. “Inclusive, ontem, (o prefeito de Belo Horizonte) já conversou com o presidente Lula. O presidente Lula reforçou o apoio ao nome do Fuad neste 2º turno. Ele (Lula) já tinha dito isso há mais tempo, que, se o Fuad fosse para o 2º turno, seria o nome apoiado por ele”, lembrou Padilha, que é responsável pela articulação do Palácio do Planalto.

De acordo com Cássio, Fuad quer, sim, o apoio de Lula, mas, principalmente, à gestão da Prefeitura de Belo Horizonte caso o prefeito seja reeleito. “Qualquer tipo de nacionalização, polarização radical, vai deixar de lado a essência da campanha. Daqui a pouco, vamos estar discutindo aborto etc., e deixando de lado o que realmente interessa ao eleitor belo-horizontino”, justifica o presidente estadual do PSD, que ainda diz que Fuad não terá "padrinho".

O TEMPO apurou que a recepção do Planalto a Fuad em Brasília, há cerca de 15 dias, deixou mágoas na campanha. Com Lula na 79ª Assembleia Geral da ONU em Nova York, nos Estados Unidos, o prefeito tentou articular uma agenda com a ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, e com o ministro dos Transportes, Renan Filho, para tratar da destinação do antigo Aeroporto Carlos Prates e da municipalização do Anel Rodoviário, mas foi recebido apenas pelo segundo escalão.     

O que teria incomodado a campanha de Fuad foi a postura de Padilha. Segundo auxiliares do candidato à reeleição, o ministro chefe de Relações Institucionais teria se recusado a posar para uma foto institucional ao lado do prefeito em meio à campanha eleitoral. Na oportunidade, apenas o número 2 da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto, tirou uma foto ao lado de Fuad, que foi publicada pelo ministério em uma rede social.

O cálculo da campanha de Fuad para evitar a nacionalização é atrair o eleitor de centro-direita. Questionado como a coligação faria isso, Cássio pontua que o prefeito já é um candidato de centro, “equilibrado”. “Não é um candidato que tem radicalismos, não vai comprar pautas polêmicas. Vamos fazer uma campanha bem equilibrada”, reitera o deputado estadual, que foi o principal fiador da candidatura do prefeito à reeleição.  

Embora não deva ficar de “braços cruzados” para atrair o eleitorado progressista, que votou em Rogério e na deputada federal Duda Salabert (PDT) no 1º turno, a campanha de Fuad crê que o voto irá migrar naturalmente para o prefeito no 2º turno. A deputada estadual e agora ex-candidata a vice-prefeita de Rogério, Bella Gonçalves (PSOL), já afirmou, nesta segunda, que apoiará o prefeito. “Fuad não é propriamente um candidato de esquerda, mas pode ser um aliado na defesa da democracia”, disse ela.