BRASÍLIA - A Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito para apurar o caso do falso laudo médico de Guilherme Boulos (Psol) exibido por Pablo Marçal (PRTB) em sua conta no Instagram, no sábado (5), véspera da votação do primeiro turno. Perícia já atestou a fraude no documento.

Advogados de Boulos fizeram uma representação apontando crimes de injúria e crimes eleitorais. A atitude de Marçal foi condenada até por aliados e vista por diversos atores políticos como crucial para o avanço de Boulos e Ricardo Nunes (PSD) ao segundo turno.

Apenas esse episódio é suficiente para deixar Marçal inelegível por oito anos, caso a Justiça Eleitoral reconheça a fraude no laudo médico. Entre outras evidências, o médico apontado como autor do documento já havia morrido e ele nunca trabalhou em tal clínica. 

Marçal pode responder por crimes eleitorais, como uso indevido dos meios de comunicação, injúria, calúnia, difamação, falsidade documental para fins eleitorais, divulgação de informação inverídica e até associação criminosa.

Além da inelegibilidade, pode pegar até três anos de prisão por crime contra a honra, além de cinco anos de reclusão por falsificação de documento.

O novo inquérito se soma ao conduzido pela Polícia Federal aberto em 17 de setembro sobre os ataques de Pablo Marçal aos adversários na disputa à Prefeitura de São Paulo. 

Ações na justiça podem tirar ex-coach da disputa de 2026

Fora da disputa pela Prefeitura de São Paulo, após ficar em terceiro lugar, Pablo Marçal agora deve se dedicar à sua defesa perante mais de uma centena de ações em diferentes esferas judiciais. Elas, inclusive, podem atrapalhar seus planos políticos. O autodenominado ex-coach que não esconde o desejo de disputar a Presidência da República em 2026.

Marçal é alvo de ao menos 129 processos apenas na Justiça Eleitoral. Pode ser condenado e acabar declarado inelegível por oito anos, até 2032. A lista de acusações inclui crimes eleitorais e comuns cometidos em pleitos anteriores e na recente campanha. Elas incluem abuso de poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação e disseminação de fake news.

Já há precedentes de condenação na Justiça Eleitoral por disseminação de fake news. em outubro de 2021, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou o deputado estadual Fernando Francischini (União Brasil) por disseminar fake news contra as urnas eletrônicas. O mesmo aconteceu com Jair Bolsonaro (PL), no caso da reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada.