BRASÍLIA - O empresário Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado no primeiro turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo, anunciou nesta terça-feira (8) que não vai apoiar nenhum candidato no segundo turno. O anúncio contraria a expectativa de uma possível declaração de voto pela reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) contra Guilherme Boulos (PSOL).

O influenciador disse que só apoia o candidato do MDB caso receba pedidos de desculpas do próprio Nunes; do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP); do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); e do pastor Silas Malafaia.

“Não vou apoiar Ricardo Nunes. Que fique registrado que não vai ter meu apoio pessoal pela arrogância deles. E se caso um milagre desse acontecer, vou deixar aqui a condição do milagre: Bolsonaro vai ter que se retratar, das loucuras que ele falou ao meu respeito”, disse.

Nesta terça-feira, Tarcísio conversou, por telefone, com Filipe Sabará, que foi coordenador da campanha de Marçal. O candidato do PRTB disse que o governador pregou união e ironizou a ligação.

“A gente tem que se unir o escambau. Você precisa ser homem e retratar tudo o que você falou. Você falou que eu deveria ser preso, você tem que me respeitar, que eu sempre te respeitei”.

Logo em seguida, Marçal se defendeu do caso em que apresentou um laudo falso, na noite de sexta-feira (4), para imputar a Boulos o uso de cocaína. “Eu não falsifiquei documento. A minha equipe publicou aquele documento e eu publiquei na maior boa fé do mundo”, alegou.

Além disso, o empresário diz acreditar que Guilherme Boulos vai vencer a disputa contra Nunes no segundo turno por saber “sinalizar com o povo”, enquanto o prefeito “não sabe”.

Estratégias de Nunes e Boulos

Marçal teve 28,14% dos votos válidos no primeiro turno, apenas 56,8 mil votos a menos do que Boulos e 81,8 mil a menos que Nunes. Na segunda-feira (7), o prefeito disse que pretende garantir os votos que pertenciam ao ex-coach e destacou que o perfil do eleitorado é “muito semelhante” ao dele, por ser um público conservador.

No entanto, o candidato do MDB já deixou claro que não quer contar com Marçal em seu palanque. Ele pretende “jogar parado” para atrair os votos do influenciador e espera que a maioria desse público migre naturalmente para ele por repulsa a Boulos.

Já a campanha do deputado do PSOL reconhece que, em um primeiro momento, o eleitorado de Marçal tende a migrar mais para Nunes por haver uma afinidade política maior, mas não considera inviável mudar esse cenário. 

Boulos avalia que parte desses votos não foi necessariamente movida por razões ideológicas e que é possível dialogar com esse público. O mesmo valeria para eleitores mais pobres que votaram no prefeito no primeiro turno.