BRASÍLIA - O candidato derrotado Pablo Marçal (PRTB) descartou nesta quarta-feira (9) apoiar o prefeito Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno contra o deputado federal Guilherme Boulos (Psol) em São Paulo.

Em nota, o autodenominado ex-coach disse que “liberou” seus eleitores para votarem “de acordo com suas convicções, princípios e ideologias”. Na terça-feira (8), ele exigiu um pedido de desculpas de Nunes em troca de apoio no segundo turno.

“Libero os 1.719.024 cidadãos paulistanos que confiaram na minha candidatura para votarem de acordo com suas convicções, princípios e ideologias. E que fique bem claro: se essa atitude arrogante resultar na entrega da Prefeitura da cidade mais importante do hemisfério sul à extrema esquerda, a culpa não será minha. A arrogância precede a queda”, escreveu o empresário, reiterando que está aberto ao diálogo caso receba um pedido de desculpas.

O ex-coach também disse que prevê a vitória de Boulos contra Nunes. Ao contrário do que apontam pesquisas eleitorais, afirmou que era o único capaz de derrotar o candidato do Psol. “Infelizmente, entrei nessa eleição para evitar a vitória de Guilherme Boulos, e agora, lamento dizer, essa previsão se tornou uma certeza”.

Marçal ainda criticou, na nota desta quarta, a “arrogância” de Nunes, de Tarcísio de Freitas (Republicanos), Jair Bolsonaro (PL), Eduardo Bolsonaro (PL), Silas Malafaia e Valdemar Costa Neto, afirmando que a postura deles inviabilizou qualquer tipo de apoio.

Na terça-feira, Tarcísio conversou, por telefone, com Filipe Sabará, que foi coordenador da campanha de Marçal. O candidato do PRTB disse que o governador pregou união e ironizou a ligação. 

“A gente tem que se unir o escambau. Você precisa ser homem e retratar tudo o que você falou. Você falou que eu deveria ser preso, você tem que me respeitar, que eu sempre te respeitei, declarou Marçal, durante palestra em Alphaville.

Com 28,14% dos votos válidos, Marçal ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições municipais em São Paulo. O ex-coach teve 56,8 mil votos a menos do que Boulos (que conquistou 29,07% dos votos válidos) e 81,8 mil a menos que Nunes (29,48% dos votos válidos).

Nunes já havia dito que Marçal não subiria no palanque dele

Na segunda-feira (7), Bunes disse que não pretendia conversar com Marçal sobre apoio. Afirmou que o ex-coach não subiria em seu palanque contra Boulos.

“Não vou procurar. Se eu for procurado, vou dizer que espero que ele (Marçal) tenha aprendido com os erros e que possa fazer uma boa reflexão de tudo aquilo que cometeu de erros, que ele siga o caminho dele e eu sigo o meu. No meu palanque, não”, ressaltou o prefeito.

Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, Nunes não se desculpou com Marçal, mas afirmou esperar conquistar o apoio dos eleitores do candidato derrotado.

“É um eleitor que tem, na nossa proposta, muita sintonia, para que a gente inclusive possa vencer a extrema esquerda”, disse o prefeito durante caminhada de campanha pelo comércio do Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo.

Sobre a estimativa de Marçal de que 45% de seus eleitores poderiam votar em Boulos no segundo turno, Nunes ironizou dizendo que o ex-coach é ruim de prognósticos. “Tem uma coisa importante nesse processo todo: ele é muito ruim de prognósticos Ele disse que não ia ter segundo turno. Para ele, né? Então, que ele acerte o prognóstico dele mais uma vez.”

Durante debates realizados no primeiro turno, Marçal disse, mais de uma vez, que Nunes seria preso, por causa de investigação sobre sua suposta participação em esquema de desvio de dinheiro público destinado à creches. O ex-coach também explorou o boletim de ocorrência registrado pela esposa de Nunes em que acusou o prefeito de agressão.

Em debate do Flow, Marçal afirmou antes do programa que Nunes seria preso, e voltou a repetir o ataque já em suas declarações finais, acabando expulso por isso. Em seguida, o marqueteiro do prefeito, Duda Lima, recebeu um soco no rosto do cinegrafista de Marçal, Nahuel Medina.

Já Nunes, assim como outros adversários de Marçal, lembrou da condenação do ex-coach por envolvimento com uma quadrilha de golpistas da internet e das suspeitas que recaem sobre membros do PRTB relacionadas ao PCC.