BRASÍLIA - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição com o apoio formal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) , irá comparecer ao ato de 7 de setembro na Avenida Paulista, que será marcado por protestos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar de prestigiar a manifestação convocada por seu padrinho político, a presença de Nunes no local gera incertezas entre aliados. Se por um lado pode ser importante para o prefeito estar ao lado de Bolsonaro e se reafirmar como o candidato do ex-presidente, por outro, o evento pode gerar momentos constrangedores para ele.
A expectativa é que o ato seja repleto de pedidos de impeachment de Moraes e de discursos radicalizados contra o ministro - posição da qual Nunes tenta se afastar para não perder o voto de moderados, que correspondem a fatia importante de seu eleitorado. O receio de aliados é que uma possível radicalização do protesto sirva de munição para adversários do prefeito na campanha.
Outro temor é em relação ao candidato Pablo Marçal (PRTB), que nas últimas semanas, vem tirando votos de Nunes entre os bolsonaristas. Com um discurso tido como mais afável ao eleitor tradicional de Bolsonaro, o empresário ainda não anunciou se vai ao ato.
Uma eventual presença de Marçal - que não é vetada por Bolsonaro - geraria constrangimento para Nunes e reforçaria uma visão de que o ex-presidente não está tão engajado em sua campanha, de modo a dividir palco com seu principal adversário dentro do campo da direita. Além disso, um coro em favor de Marçal ou até uma vaia ao prefeito não são cenários descartados.
Em entrevista na última segunda-feira (2), Ricardo Nunes disse que não vai defender o impeachment de Moraes, pois isso “compete aos senadores”.
“Estarei ali como cidadão defendendo a liberdade, a democracia. A manifestação é para garantir o Estado democrático de direito, quem tem que defender o impeachment é o Senado, eu vou estar lá defendendo a democracia, defendendo a liberdade, que é o que sempre defendi”, afirmou, em sabatina na rádio Eldorado FM.
Na mesma sabatina, o candidato do MDB disse não se constranger com a possibilidade de haver faixas radicais que defendam não só o impeachment de Moraes como, por exemplo, ataques diretos à instituição do STF.
A previsão é que a participação de Nunes no evento seja discreta, sem pronunciamentos. Os discursos mais aguardados são o de Bolsonaro e o do pastor Silas Malafaia, um dos organizadores da manifestação. É dele que devem vir as falas mais contundentes contra Moraes.
Pablo Marçal viajou para El Salvador nesta quinta-feira (13) e quer ter outras agendas internacionais nos próximos dias. Mas ainda não há confirmação se esses compromissos irão ocorrer e nem de quando ele retorna para o Brasil - o que deixa aberta uma possibilidade de voltar a tempo de estar na Paulista neste sábado (7).