Com 15 anos de estrada, esta será a primeira vez que o espetáculo “Não sou nenhum Roberto”, em que o músico e ator Marcelo Veronez empresta verniz sexy e rock’n’roll aos sucessos de Roberto e Erasmo Carlos (1941-2022), ganha uma versão que foge ao clássico quarteto voz, baixo, guitarra e bateria: no show desta quarta-feira (15), que já nasce carregado de expectativa, o artista se apresenta ao lado da Orquestra Sesiminas.
“Quando recebi o convite, pensei que precisaria trazer alguma novidade para o evento. Então, eu e o (baixista e produtor) Pedro Fonseca começamos a estudar possibilidades de repertório, pensar em como fazer esse show”, comenta o artista, citando que os arranjos criados para o projeto já são conhecidos do público – que costuma pedir bis, assistindo ao show mais de uma vez e, geralmente, trazendo mais pessoas consigo a cada nova apresentação.
“Eu faço sempre uma pesquisa durante a apresentação, perguntando quem já assistiu alguma vez na vida e quem está indo pela primeira vez ao espetáculo. E a proporção é quase sempre meio a meio”, relata, demonstrando se sentir agradecido pelo constante interesse das plateias. “É o que faz esse projeto ser tão longevo”, reconhece.
Para o músico, aliás, a razão de tanto sucesso, em parte, se deve à aura emotiva das canções interpretadas e, em parte, à forma como elas são executadas. “Estamos falando de composições que estão presentes no imaginário coletivo”, avalia. “Ao mesmo tempo, acho que o interesse se mantém também pela maneira como a gente aborda esse repertório, contemplando outros lugares de emoção, dando uma ‘dessacralizada’ na obra do Roberto, que foi sendo colocada em um lugar meio distante – o que, com o show, a gente tenta mudar, trazendo essas músicas mais para perto”, reflete, orgulhoso de atrair uma audiência variada.
Pegada rock’n’roll
Lembrando que o show nasceu na Gruta!, impregnado por um espírito rock’n’roll e atitude punk, Marcelo Veronez garante que a proposta será mantida no concerto com a Orquestra Sesiminas. “O maestro Felipe Magalhães e o arranjador Fred Natalino entenderam que esta concepção é inerente ao projeto e estão indo por esse caminho. Mas, claro, é um show que vai, sim, ter uma modificação, vai ganhar uma suavidade – o que não impede que sua índole roqueira se mantenha”, observa o artista, presente na cena teatral de Belo Horizonte desde 1998 e, na musical, desde 2005.
Para o concerto, alguns clássicos incontornáveis foram mantidos. “São músicas que as pessoas gostam de ouvir. Algumas, ao longo desses 15 anos, sempre estiveram no nosso repertório, caso de ‘Fera Ferida’ (1982), ‘As Curvas da Estrada de Santos’ (1969), ‘Detalhes’ (1971), ‘Emoções’ (1981), ‘Eu te amo, te amo, te amo’ (1968)”, informa. Além disso, canções que há tempos não eram interpretadas voltaram ao programa. “São músicas que estavam mais no início dessa história toda e que, agora, retornam, como ‘Grilos’ (1972) e ‘Cachaça Mecânica’ (1973), do Erasmo Carlos, que nunca foram gravadas pelo Roberto, e ‘Cama e Mesa’ (1981), que é bem do comecinho do projeto”, detalha.
Uma novidade na seleção musical do show é a canção ‘O Portão’, de 1974. “É a primeira vez que vou cantá-la nesse projeto”, conta ele, que se sente especialmente emocionado pela composição. “Chorei bastante interpretando-a no ensaio… Acho que por isso que ela não estava no repertório”, admite, pontuando sentir-se tocado pela ideia de reencontro que a música sugere.
“Para nós, que viemos do interior, essa questão do aguardado retorno é muito forte. É como se a gente tivesse para onde voltar, mas não pudesse, porque temos que desenvolver o nosso trabalho, seguir com nossa vida, convivendo com uma saudade constante, que não acaba e não vai acabar nunca, porque o tempo que vivemos longe não volta”, sentencia o artista, que nasceu e viveu na zona rural de Itamarandiba, no Alto Vale do Jequitinhonha, mudando-se posteriormente para Contagem, na região metropolitana de BH.
SERVIÇO:
O quê. Orquestra Sesiminas convida Marcelo Veronez em “Não sou nenhum Roberto”
Quando. Nesta quarta-feira (15), às 20h30
Onde. Teatro Sesiminas (r. Padre Marinho, 60, Santa Efigênia)
Quanto. A partir de R$ 25 (meia)