Um dos mais importantes nomes da cena musical independente de Belo Horizonte, a produtora musical Fernanda Azevedo faleceu nesta quinta-feira (16), aos 47 anos. Ela foi encontrada morta no banheiro de sua casa, após um motorista que a levaria para o aeroporto de Confins contatar pessoas próximas, preocupado com o atraso da cliente. Ela acompanharia o C6 Fest, em São Paulo.
O corpo de Fernanda passará por autópsia para se descobrir a causa da morte - se foi um acidente doméstico ou uma espécie de mal súbito. Amigos próximos à produtora relataram que ela vinha reclamando de mal-estar nos últimos dias. Devido a essa indefinição, horário e local de velório ainda não foram divulgados pela família. A princípio, para atender um desejo da própria produtora, ela será cremada.
Artistas e produtores ficaram em choque com a notícia da morte de Fernanda, que foi determinante para o desenvolvimento do cenário underground na capital mineira. "Ela, literalmente, estava no underground quando tudo era mato. Ela contribuiu para todas as ações de música independente que eu conheço em Belo Horizonte", afirma Leo Moraes, proprietário da casa de espetáculos A Autêntica.
Moraes ressalta o "trabalho incrível" feito na Motor Music e na Casa Ototoi, produtoras que ajudaram a colocar Minas no mapa do underground mundial a partir da década de 1990. "A Fernanda estava no centro disso tudo. É uma perda não só pessoal, pois ela foi uma grande incentivadora da Autêntica, como para a cena musical da cidade", lamenta o empresário.
"A perda da Fernanda Azevedo é um choque para o mundo cultural de Belo Horizonte. A minha história com ela começa há 27 anos, devido à proximidade com a Motor, que era um grupo visceralmente ligado à produção musical e ao mundo indie. Fizemos um projeto juntos que, de certa forma, marcou um pouquinho a história, que foi a Casa Ototoi", lembra Bruno Golgher, criador do Savassi Festival.
"Com a Ototoi, a gente criou um centro cultural temporário, aberto 24 horas por dia. Alugamos uma casa por um mês e fizemos uma programação gigante. A Fernanda foi a rainha do rock indie. Esse entusiasmo ela manteve a vida inteira. Está indo fora de hora", afirma Golgher, que também é o responsável pelo Café com Letras, restaurante que recebe importantes eventos culturais, principalmente de jazz.
"Trabalhamos juntas em diversos eventos da Motor Music. Era praticamente a alma das produções de lá. Uma mulher competentíssima e uma conhecedora de música como poucos", afirma Angela Azevedo, dona da Noir, empresa que fez a assessoria de comunicação para vários eventos da Motor Music, produtora de Marcos Boffa e Jefferson Kaspar ficou ativa por seis anos, de 1998 a 2004.