Quem foi à sede da Associação Mineira de Cultura Nipo Brasileira, no bairro Nova Cachoeirinha, região Nordeste de Belo Horizonte, neste domingo (2), pôde apreciar uma cultura bem diferente da brasileira. Realizada de dois em dois meses, a Feirinha de Comida Típica Japonesa teve mais uma edição na qual brindou os belorizontinos com danças, música, jogos e comidas do Japão. Um dos principais objetivos do evento é preservar e divulgar a cultura japonesa em Minas Gerais e no Brasil.
As grandes diferenças entre as culturas brasileira e japonesa não impediram que o evento ficasse cheio. Muito pelo contrário, o público foi à feira em peso. Essa boa receptividade do público brasileiro à cultura oriental surpreende e agrada o presidente da Associação Mineira de Cultura Nipo Japonesa (AMCNP), Oscar Tadashi Shimuri.
“Quando eu era menino, a gente ficava com receio de convidar os amigos para comer em casa, porque a gente achava que a culinária japonesa não cairia no gosto brasileiro. A comida é um pouco sem tempero, sem gordura, mas entre os jovens, os restaurantes de sushi são muito frequentados”, diz o representante.
Mas não é só a culinária que atrai o público aos eventos da associação. Quem foi ao local também acompanhou apresentações de dança e de música. O grupo de taikô - que são os tambores japoneses – foi aplaudido efusivamente no auditório da associação. “Quando vamos promover os eventos, muitos me perguntam se vamos ter as apresentações. Se não tivesse, muitos possivelmente não viriam”, afirma Oscar.
Brasileiro descendente de japoneses, Oscar traça um paralelo entre as culturas brasileira e japonesa. “Uma coisa que é bastante forte é a disciplina dos japoneses. Os orientais, devido aos sofrimentos deles de vários milênios que eles têm, eles criaram esse hábito, essa disciplina, para fazer até as coisas mais mínimas. Por outro lado, um lado marcante da cultura brasileira é o povo, muito acolhedor. No Brasil a gente tem muita liberdade. Esse sentimento que estou de passando é de todos os imigrantes que vieram e criaram as raízes aqui”, opina.
A professora Luana Gramon de Cristo, de 34 anos, foi à feira de comida japonesa pela primeira vez em 2019. Gostou tanto da cultura do país oriental que não parou mais de frequentar os eventos promovidos pela AMCNB. As apresentações artísticas, por exemplo, encantam a mulher. “Tudo que eles fazem é com muita delicadeza e preciosismo, é muito bonito de assistir”, elogia a mulher, que também se deliciou com os pratos típicos.
"Fui tomando coragem e hoje comi okonomiaki, que é uma massa de pizza com massa de repolho. Meu filho gosta muito do nikuman, que é um bolinho com carne dentro. Comi também o karê, que é tipo um legume com carne, bastante caldo e curry. A gente sempre vai experimentando coisas novas. Tem muita coisa agridoce”, descreve.
Além da culinária, o bancário Rodrigo Fonseca, de 40 anos, gosta muito do entretenimento do Japão, como os videogames, as artes marciais e os jogos. Na Feirinha deste domingo, por exemplo, ele e o amigo Luís Fernando, de 39 anos, aproveitaram para jogar uma partida de shogi, que é uma versão japonesa do xadrez. Além do entretenimento, outro elemento que chama a atenção do homem na cultura japonesa é o comportamento.
“Eles têm um cuidado muito grande em como se apresentar e nas formas de falar. Usam muito o ‘com licença’, o ‘obrigado’, o ‘perdão’. Isso também existe nas formas de comer e de se apresentar nas artes marciais”, conta o jovem, que acompanha a cultura japonesa desde 2015.
Presenta na capital mineira desde 1958, a Associação Mineira de Cultura Nipo Brasileira foi fundada por japoneses descendentes radicados em Minas Gerais. Junto com os esforços para preservar a espalhar a cultura japonesa aos brasileiros, também estão no radar da associação o fortalecimento da relação entre japoneses e brasileiros e o estreitamento do intercâmbio cultural e econômico entre Brasil e Japão.