Martin Luther King Jr. tinha um sonho. Um sonho de liberdade e igualdade. E lutou incessantemente pelos direitos civis da população negra dos Estados Unidos nos anos 1950. Lutou até a morte, covarde, quando foi assassinado com um tiro na sacada de um hotel em Memphis,  nos Estados Unidos, em 4 de abril de 1968.

Entrou para a história como mártir, um dos ativistas políticos mais proeminentes da América. E essa história, muitos conhecem. Mas, por trás desta figura ilustre e combativa, há o homem simples, o pastor afetuoso, o pai dedicado e o marido amoroso – que talvez poucos conhecem.

É entre essas duas personas que o espetáculo “Luther King – O Musical” concentra sua narrativa para prestar um tributo à vida do Reverendo King, e que chega a Belo Horizonte neste fim de semana para duas apresentações no Grande Teatro do Sesc Palladium.

"Quando cheguei a Luther King, fiquei muito impressionado. Comecei a pesquisar a fundo sobre sua vida e escrevi o espetáculo aqui no Brasil, distante de suas referências. Pensei que tinha que ir aos Estados Unidos para conhecer melhor suas histórias e estava com o texto (do espetáculo) praticamente pronto. Visitei a casa que ele viveu em Atlanta, o memorial projetado por sua esposa, Coretta King, e tive que rasgar tudo que escrevi, pois era muito mais profundo", conta Caíque Oliveira, que assina e dirige a montagem, revelando o "novo" homem que havia descoberto ao estar em seu lar.

A passagem de Caíque por Atlanta lhe rendeu boas histórias, que movimentaram suas reflexões sobre o que pretendia produzir sobre Luther King, como uma singela flor artificial disposta no memorial. Ela representa o quanto o líder religioso tinha na família seu bastião. "Esta flor é um presente de King par sua esposa. Ao dizer a ele que eram flores artificiais, King respondeu a Coretta que gostaria que ela durasse para sempre. E ela está lá até hoje. Significou muito pra mim, comecei a pesquisar a fundo a vida de Martin e Coretta e ali mudei a peça inteira", sublinha o diretor.

"Entendi quem era este homem, decobri uma pessoa divertida, repleta de medos, um pastor batista que usava a igreja para unir e fortalecer as pessoas. Estar em Atlanta me fez conhecer outra pessoa, um cara incrível, que o musical busca explorar", completa.

Iluminado por novas perspectivas, Caíque Oliveira destrinchou, portanto, não só o ativista que marcou a luta contra a segregação racial nos Estados Unidos como o ser humano simples e sua relação com a família. É dessa forma que "Luther King - O Musical" se apresenta ao público.

E para conduzir a narrativa musical, Caíque Oliveira escalou os atores Gui Augusto e Nicole Nascimento, que interpretam Martin Luther King Jr. e Coretta King, respectivamente.

"O maior humanitário que conheci, com uma história inspiradora. A gente fala não só para os Eatados Unidos, para os negros, mas para todos. E a parte mais dificil é não alterar nada, nem palavras, sentimentos, ideais, conflitos... Tive que extrair muita coisa para transmitir tudo que ele  passa".

Assim, honrado por assumir a responsabilidade de encarnar Luther King, se coloca o ator Gui Augusto, sobre seu processo para viver o personagem no musical, em um profundo mergulho na história de Luther King e sua família.

"Não só sobre King, mas sobre o racismo e todo o contexto dos EUA nos anos 1950 e 1960. Estudei sua fisionomia, gestos, engordei 5 quilos, alguns tiques... Então o laboratório foi muito intenso", conta Gui, que também começou a seguir os filhos de Luther King nas redes socias, descobrindo assim um homem que viveu momentos muito difíceis, "mas que conseguia dar espaço para sua família, seu bem maior".

Um líder musical

"Foi muito legal e necessário. Sua vida é toda cercada por música. Coretta era formada em música e viajava pelo país dessa forma, levcando canções para as pessoas. Luther King cantava, era um barítono. E os movimentos nas ruas eram musicais, marchando com as chamadas 'freedom songs' (canções de liberdade)".

Caíque Oliveira assim justifica a opção por um espetáculo musical, um elemento fundamental na história da família King.

Tal opção foi mais um grande desafio para os realizadores da montagem, que mergulharam no gospel, no soul e em outras referências musicais dos Estados Unidos da época para conduzir a narrativa.

Para Gui Augusto, adotar a música para contar esta história "foi um pouco mais fácil, pois o estilo musical que exerço é muito parecido com o da América", pontua. "O gospel, o soul, é um estilo de vida. Eles cantam com a alma. uma forma extravagante de cantar. Não é prepotência, mas um estilo", exalta.

E entre tantas "canções da alma", a montagem e seus intérpretes buscam manter o sonho vivo, o sonho de igualdade entre as pessoas, independentemente de raça e cor.

"As pessoas precisam sair do espetáculo não apenas entendendo o racismo, mas como antirracistas. Queremos que o público entenda um pouco do sofrimento dos negros e que elas não parem de sonhar e se levantem", evoca Caíque, deixando para Gui Augusto uma importante reflexão: "O discurso ainda ecoa. E se está um pouco melhor, é por conta da luta de homens e mulheres como Martin Luther e Coretta King".

Serviço

O que. "Luther King, O Musical”

Quando. Neste sábado (22), às 19h, e domingo (23), às 18h

Onde. Grande Teatro do Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1.046, centro)

Ingressos pela Sympla ou na bilheteria do teatro

Valores:

Plateia I: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia)

Plateia II: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia)

Ingressos Populares: R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,80 (meia)