Aquele jeito doce e brejeiro da protagonista da novela “No Rancho Fundo” desaparece por completo na série policial “Vidas Bandidas”, com estreia hoje na plataforma da Disney+. Larissa Bocchino interpreta uma personagem bastante urbana e realista, com “facetas muitas distintas” da mocinha da atração global das 18h, como a atriz mineira admite.

“A Lara é uma personagem dentro de uma série que traz uma linguagem mais humana e realista, que não é melodramática como na novela”, pontua Larissa, após um dia de gravações de “No Rancho Fundo”, que entra na sua fase final. Lara é a irmã da personagem de Juliana Paes, chefe de uma quadrilha que aplica golpes em turistas no Rio de Janeiro.

“Lara é uma jovem mulher completamente ousada, determinada e inconsequente. Está muito envolvida no universo do crime, não diretamente, mas por meio da irmã dela. Não é todo muito que irá se identificar com alguma faceta dela. Ela aparece de forma breve, mas muito presente, porque é a figura que irá simbolizar a vingança”, analisa Larissa.

“Vidas Bandidas” foi gravada antes de a atriz nascida em Contagem despontar na trama de “No Rancho Fundo”. Ela também participa do elenco de “Guerreiros do Sol”, telenovela da Globoplay que irá ao ar em 2025. Uma ascensão surpreendente para uma carreira iniciada em 2018, ano do  lançamento do curta “Teoria Sobre um Planeta Estranho”.

Na trama de Mario Teixeira, Larissa ganhou do autor uma  mocinha de novela muito interessante e maravilhosa, na definição da atriz. “Ela está dentro do arquétipo universal das  heroínas com pensamentos muito nobres, elevados e amor romântico e idealizado. Amor romântico não só relacionado a um parceiro, mas também à humanidade, sobre sentimentos de justiça”, observa.

“A gente até brinca que a Quinota é uma representação da Julieta de Shakespeare no sertão”, salienta. O Romeu, no caso, é vivido por outro ator mineiro, Túlio Starling. Larissa frisa que a novela é um produto que entra na casa de milhões de brasileiros diariamente. “O que as pessoas veem é a imagem da menina brejeira e nordestina. Isso entra no imaginário popular”, afirma Larissa, ao comemorar a “chegada” de Lara.

“É óbvio que, em nosso trabalho como atores e atrizes, a gente não gosta de ser nichado em um único tipo de interpretação, de linguagem ou de personagem. Neste momento que estou começando uma carreira, é muito legal que essa série seja lançada agora, porque o público vai me ver em outras facetas que não só este arquétipo da brejeirice”, comenta Larissa.

Nesse sentido, conta, trabalhar ao lado de Juliana Paes foi uma grande inspiração para ela. “No dia que a conheci, eu chorei muito. Estava muito feliz, não só pela admiração que tenho pela profissional que a Juliana é, mas também por ser a primeira série numa plataforma grande, com um personagem muito legal”, revela.

Para Larissa,  “dentro desses fenótipos que a gente representa para a cultura brasileira, eu e a Juliana nos assemelhamos muito, por ter perfil próximo, e é muito bonito ver a trajetória dela”. A mineira não poupa elogios à colega, definindo-a como poderosa, versátil e dona de uma beleza incomensurável. “Ela consegue interpretar qualquer papel, desvinculando-se da imagem dela”.

A série da Disney+ tem quatro episódios de 30 minutos cada. Muito pouco diante do número de capítulos de uma novela (entre 160 e 220). “Numa representação metafórica, a novela seria como correr uma maratona, porque é um desafio e você tem que ter estratégia, treinamento, foco e determinação para manter o mesmo gás do início ao fim e chegar nos 42º quilômetro”, compara.

Larissa ainda não tem nenhum trabalho engatilhado após o fim de “No Rancho Fundo”, cujo último capítulo deve acontecer em novembro. Mas o seu desejo é permanecer na telinha. “Eu adoraria continuar fazendo televisão aberta, porque é muito gostosa a sensação de ver o seu trabalho chegar em tantos públicos diversos”.

Para ela, é muito bonito, enquanto artista, poder sentir e observar o público acompanhando uma história, “torcendo, vibrando e participando da sua criação”. O seu sonho maior, no entanto, é fazer a protagonista de um longa-metragem. Atrás das câmeras, Larissa também vem se movimentando, devendo logo se lançar como diretora de uma curta documental.