Em meio a crise envolvendo a extinção do braço cultural do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (veja mais abaixo), o BDMG Cultural dá início, nesta quarta-feira (28), a série de quatro noites em que apresenta os vencedores do 23º Prêmio BDMG Instrumental – tradicional concurso que pode estar ameaçado com o fechamento da entidade. Neste ano, a temporada de concertos é realizada no Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (CCBB BH), no bairro Funcionários, sempre às 20h. Importante: os ingressos serão disponibilizados gratuitamente uma semana antes de cada apresentação, e a organização do evento recomenda que, para garantir lugar na plateia, os interessados retirem as entradas com antecedência.
No primeiro show do programa, que se estende até novembro, o violinista Guilherme Pimenta, natural de Montes Claros, no Norte de Minas, que se destaca na cena musical da por seu trânsito pela improvisação e pela música popular. Ele sobe ao palco ao lado do renomado violinista francês Nicolas Krassik. “Convidei o Nicolas Krassik para esse show porque ele é uma das minhas principais referências. A gente se conhece há mais de dez anos. Como violinista popular, o trabalho dele sempre me inspirou muito. Lembro de o ter encontrado logo que vim morar no Rio de Janeiro e ele me incentivou muito”, ressalta o instrumentista mineiro, que comemorou a premiação: “É uma vitória na minha carreira. Além de representar um crescimento como músico, compositor, instrumentista, considero que é um prêmio muito relevante e que vai abrir muitas portas”.
A temporada segue com um novo concerto no dia 18 de setembro, quando o clarinetista belo-horizontino Felipe Rossi, que possui uma carreira multifacetada que já o levou aos quatro cantos do planeta, convida o violonista carioca Daniel Murray para uma apresentação conjunta. Em 30 de outubro, o baterista belo-horizontino Arthur Rezende, que começou nos tambores ainda na primeira infância, descobrindo a bateria aos 11 anos, é acompanhado da saxofonista florianopolitana Gaia Wilmer. Por fim, encerrando a série, no dia 27 de novembro, o violonista Marcos Ruffato, de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, que iniciou sua formação em casa, junto da família musicista, divide palco com o baixista paulistano Itiberê Zwarg.
O quarteto vencedor do tradicional Prêmio BDMG Instrumental deste ano, vale dizer, foi selecionado em maio, durante a etapa final do projeto, no Teatro Sesiminas, no bairro Santa Efigênia, a partir da deliberação de um júri formado pela compositora, flautista e pianista Léa Freire, que presidiu a comissão de seleção; Gaia Wilmer, saxofonista, compositora, arranjadora e produtora musical; Johnny Abila, especialista em Programação Musical da Gerência de Ação Cultural do SESC SP; Juliana Figueiredo, programadora do SESC Vila Mariana (SP); Marco Pereira, compositor, arranjador e violonista; e os jornalistas mineiros Daniel Barbosa e Paulo Henrique.
SERVIÇO:
O quê. Guilherme Pimenta convida Nicolas Krassik no show de abertura da temporada de concertos do 23ª Prêmio BDMG Instrumental
Quando. Nesta quarta-feira (28), às 20h
Onde. Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte - CCBB BH (praça da Liberdade, 450, Funcionários)
Quanto. Entrada gratuita. Ingressos podem ser retirados por meio do site ccbb.com.br/bh ou na bilheteria física do CCBB BH.
Reviravoltas marcaram últimos meses do BDMG Cultural
Assim como à época da realização da etapa final do prestigiado 23º Prêmio BDMG Instrumental em Belo Horizonte, em maio deste ano, as tradicionais noites de celebração, quando os vencedores realizam concertos gratuitos, podem ser marcadas por um clima de apreensão diante das incertezas em torno da continuidade das iniciativas capitaneadas pelo BDMG Cultural, cuja extinção foi anunciada em abril, na surdina, causando surpresa a artistas, funcionários e servidores do órgão, ligado ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
A decisão do conselho da instituição financeira estadual causou indignação, motivando uma série de protestos liderados por agentes culturais e pela classe artística, que se queixam da opacidade das informações – que não foram elucidadas nem mesmo na audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no dia 9 de maio.
Após a repercussão negativa, Jefferson da Fonseca Coutinho, presidente da Fundação de Artes de Ouro Preto (Faop), ainda na expectativa de ser empossado presidente do BDMG Cultural, disse, em entrevista a O TEMPO, em 25 de abril, que ações e programas antes encabeçados pela entidade seriam continuados. Contudo, em outro capítulo envolvendo a crise em torno do encerramento das atividades da instituição, ele renunciou à presidência da entidade menos de um mês depois, em 16 de maio. Ele havia sido nomeado oficialmente para o cargo há menos de duas semanas. Com o movimento, a entidade voltou a ser presidida interinamente pela diretora financeira Larissa D’Arc.
Coutinho havia sido escolhido pelo Conselho de Administração do BDMG. A expectativa era que ele fosse o responsável pela condução da transição na instituição para realinhar os investimentos do banco e fortalecer a cultura no Estado. A Faop é uma unidade da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) que nasceu em 1968 a partir da união de esforços do poeta Vinicius de Moraes, da atriz Domitila do Amaral, do escritor Murilo Rubião e do historiador Affonso Ávila como um espaço para produção de arte. A renúncia dele, aconteceu poucos dias após a realização da mencionada audiência pública na ALMG, em que parlamentares buscaram explicações para a decisão do conselho do banco de se dissolver a entidade cultural. Contudo, a cerimônia foi marcada pela ausência de respostas de representantes do governo do Estado frente aos questionamentos.
Durante a audiência, a deputada Lohanna (PV), vice-presidente da Comissão de Cultura da ALMG, propôs estratégias para fazer frente a ameaça de encerramento do equipamento. Uma das ações mencionadas por ela seria impetrar um mandado de segurança pedindo a reversão da decisão do Conselho do banco, que, segundo ela, não consultou a Associação dos Servidores do instituto, configurada como uma associação que tem como sócios e fundadores o BDMG e a Associação dos Funcionários do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (AFBDMG). Até o momento, contudo, não há informações que confirmem que ações e programas antes encabeçados pela entidade serão, de fato, continuados.