Longa de Walter Salles inspirado em livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda estou aqui” confirmou o favoritismo e foi o escolhido pelo Brasil para disputar uma vaga no Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional. A produção nacional também ganhou data de estreia.
A Academia Brasileira de Cinema fez o anúncio na manhã desta segunda-feira (23). “Estou orgulhosa de presidir essa comissão, que foi unânime na escolha desse grande filme sobre memória, um retrato emocionante de uma família sob a ditadura militar. ‘Ainda Estou Aqui’ é uma obra-prima, sobre o olhar de uma mulher, Eunice Paiva, e com atuações sublimes das duas Fernandas”, disse Bárbara Paz, presidente da Comissão de Seleção.
Em seu discurso, ela ainda se mostrou otimista em relação à competitividade da produção. “Esse é um momento histórico para nosso cinema. Não tenho dúvida que esse filme tem grandes chances de colocar o Brasil de novo entre os melhores do mundo. Nós, da indústria do audiovisual brasileiro, merecemos isso”, exaltou.
A Academia de Hollywood, organizadora do Oscar, divulga uma lista de pré-selecionados em 17 de dezembro.
Logo após o anúncio, "Ainda Estou Aqui" ganhou data de estreia nos cinemas brasileiros: 7 de novembro.
Além de “Ainda estou aqui”, concorriam à vaga as produções “Cidade Campo”, de Juliana Rojas, “Levante”, de Lillah Halla, o badalado “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, “Saudade Fez Morada Aqui Dentro”, de Haroldo Borges, e “Sem Coração”, de Nara Normande e Tião.
Elogiado nos festivais internacionais
Exibido nos festivais de Toronto e San Sebastián, selecionado para o Festival de Nova York, e vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, “Ainda Estou Aqui” conta com Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello no elenco principal.
O filme é uma adaptação do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva sobre sua mãe, Eunice Paiva, narrando a luta em busca de seu pai, o deputado Marcelo Rubens Paiva, mais tarde reconhecido como vítima da Ditadura Militar Brasileira.
O roteiro é de Murilo Hauser e Heitor Lorega, e a produção da Videofilmes, RT Features e Mact Productions. O longa é o primeiro filme original Globoplay, em coprodução com ARTE France e Conspiração. A distribuição nos cinemas brasileiros será realizada pela Sony Pictures.
Jovem mineira está no elenco
Na pele de Nalu, a filha do meio do deputado Rubens Paiva, a mineira Bárbara Luz contou a O TEMPO que um dos grandes momentos da preparação para “Ainda Estou Aqui” foi “entender essa personagem, que é real, pelo olhar e pela percepção do Walter, que é muito carinhoso e doce”. Explica-se: o realizador era muito amigo da família, especialmente de Nalu.
Durante as filmagens, confessa, chegou a duvidar de sua sanidade mental, ao estar ao lado de dois atores e um diretor tão brilhantes. “Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Fiquei impressionada com o Walter porque ele é uma pessoa super delicada. A gente sente muito conforto. Sempre que vinha falar com a gente, sussurrava, sendo sempre carinhoso nas conduções”.
Atriz estava em BH quando filme foi premiado
Em passagem por Belo Horizonte com a peça “Um Jardim para Tchekhov”, que cumpriu na cidade sua temporada de estreia, encerrada no dia 16, após quatro semanas, a atriz paulista Olívia Torres viveu em BH uma emoção especial, que veio de uma travessia transatlântica, diretamente do Festival de Veneza, onde o filme “Ainda Estou Aqui” cumpriu bem-sucedida estreia: ela estava no palco do CCBB BH quando o longa recebeu o prêmio de Melhor Roteiro.
“Fui muito emocionante. Eu, aliás, ia para Veneza, mas, como coincidiu com esse momento em que a peça estaria na sua segunda semana, optei por ficar. Mas acompanhando tudo”, relatou em conversa com a reportagem. “Estou muito ansiosa para assistir. Por enquanto, vi apenas uma parte, a primeira, em que minha personagem ainda é uma criança. Então, já consegui ter uma noção da beleza que é esse filme”, detalha.
Veja a sinopse
Rio de Janeiro, início dos anos 70. O país enfrenta o endurecimento da ditadura militar. Estamos no centro de uma família, os Paiva: Rubens, Eunice e seus cinco filhos. Vivem na frente da praia, numa casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice – cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas – é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos. Baseada no livro biográfico de Marcelo Rubens Paiva, a história emocionante dessa família ajudou a redefinir a história do país.