Cantor, compositor e ator, MC Cabelinho, de 29 anos, encara, neste ano, seu maior projeto profissional no ramo da atuação. O artista carioca protagoniza “Confia: Sonho de Cria”, nova produção do Núcleo de Filmes dos Estúdios Globo, que estreia neste sábado (8), no Globoplay, abordando a importância dos sonhos e de nunca desistir de torná-los realidade.
A comédia romântica - escrita por Renata Sofia, Pedro Alvarenga e Fabrício Santiago e dirigida por Fabio Rodrigo - gira em torno de Nando (personagem de Cabelinho), um jovem que mora com a avó, Dona Mirtes (Rejane Faria), no complexo de favelas carioca formado por Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, que trabalha como entregador em uma lanchonete que e sonha em ser uma estrela do trap, mas não tem muitas oportunidades. Até que conhece Jaque (Malía), uma moça acostumada desde cedo a se virar para sobreviver, que acredita no potencial de Nando e decide, à sua maneira, ajudá-lo a realizar seu sonho de viver da música.
“Confia: Sonho de Cria” foi um filme escrito e pensado para ter MC Cabelinho como protagonista. O trio de escritores faziam parte do time de roteiristas da novela “Vai da Fé”, de Rosane Svartman, exibida na Globo em 2023. O cantor estava no elenco do folhetim, interpretando o personagem Hugo. Foi nesse projeto que rolou o “match” entre eles e surgiu a ideia do filme.
“Nessa experiência a gente foi percebendo o potencial de atuação do Cabelinho e o personagem foi crescendo”, explicou Renata Sofia. Até que um dia, numa conversa entre as gravações de “Vai na Fé”, ela falou para MC Cabelinho: “Você fazendo uma comédia romântica ia arrastar uma multidão para o cinema”. “Uma comédia romântica com Cabelinho, um garoto que sonha em ser cantor, mas ele não sabe como realizar esse sonho, e aí vem uma mina que é meio golpista e dá um jeito disso acontecer”, completou a escritora.
O filme não é uma biografia de MC Cabelinho, mas tem muitas semelhanças com a trajetória dele. “O Nando tem muita coisa que me faz lembrar do meu passado. Esse lance de ele estar presente com a avó dele foi algo que realmente eu vivi durante bons anos da minha vida; eu morei com a minha avó, fui criado por ela. Tinha uma época que minha avó fazia comida, eu entregava comida com ela pelo morro”, contou o artista, que, assim como seu personagem no filme, também cresceu no complexo de favelas Pavão, Pavãozinho e Cantagalo.
Ele revelou que teve uma cena específica de “Confia: Sonho de Cria” que o deixou muito emocionado: quando Dona Mirtes presenteia o neto com roupas para ele fazer seu primeiro show. “Foi a minha avó quem comprou a primeira roupa do meu show também. Assim que eu falei que queria ser MC, eu lembro que ela comprou umas roupas pra mim, umas calças jeans, umas camisas polo, ela me deu um celular também… fiquei felizão”, disse.
Outro olhar para pessoas do dia a dia
Pedro Alvarenga, que também assina o roteiro de “Confia: Sonho de Cria”, afirmou que o filme “foi pensado para toda família assistir junta”. “Como a novela, é um filme que vai ser assistido dentro de casa, dentro da intimidade das pessoas. Então teve essa preocupação de que vários públicos se vissem refletidos ali. Tem desde referências a novelas até a própria construção dos personagens. Por exemplo, a escolha do Nando ser um entregador, isso é uma referência direta à juventude atual, a juventude brasileira, ao trabalhador brasileiro, a esse jovem que está no ‘corre’; o próprio universo do trap, as escolhas das participações, de elenco… então foi uma construção muito cuidadosa nesse sentido das referências urbanas, os dramas da juventude, para que não fosse um filme de nicho”, detalhou.
O também roteirista Fabrício Santiago acrescentou: “A gente usou essas pessoas que muitas vezes não estão no centro da roda, como o próprio entregador. Geralmente o entregador chega na cena, ele entrega, sai de cena e a gente não acompanha esse personagem. A gente quis fazer o contrário, a gente quis seguir a trajetória desse entregador”.
“É um filme sobre um jovem que tem um sonho, e o sonho dele é ser cantor de trap. Não é um filme só sobre a cultura trap ou pessoas que conhecem e gostam desse tipo de música. Tem um mosaico ali que eu acho que reflete bem a juventude brasileira contemporânea”, frisou Alvarenga. Uma escolha elogiada por MC Cabelinho. “Parabéns aos roteiristas também porque não precisaram citar nada de crime ou tráfico. Pessoas olham e falam ‘é da favela, é traficante’. Não tenho nada a ver com isso”, afirmou o cantor.
“Acredito que muita pessoa da comunidade vai se identificar. Porque tem muita gente lá dentro que tem vontade de cantar também. Então, eu quero que eles olhem o filme e pensem ‘eu também posso. o nando conseguiu, o Cabelinho conseguiu, a Malía conseguiu, eu também vou conseguir’. Eu acho a história do Nando muito inspiradora”, disse o protagonista de “Confia: Sonho de Cria”.