Ao falar de “Vale Tudo” - cujo remake estreia nesta segunda-feira (31), na Globo - é impossível não lembrar dos personagens icônicos da trama: Raquel, Maria de Fátima, César, Marco Aurélio, Ivan e, claro, Odete Roitman, a grande vilã da história. Ou melhor, a vilã das vilãs das telenovelas brasileiras. Afinal, a personagem, que foi interpretada por Beatriz Segall em 1988 se tornou uma referência para outras vilãs que vieram depois na televisão brasileira. Arrogante, esnobe, fria e preconceituosa, Odete foi autora de falas como “o Brasil é um país de jecas”; “O Brasil é uma mistura de raças que não deu certo”; e “eu gosto do Brasil, acho lindo, uma beleza, mas de longe, no cartão postal; essa terra aqui não tem jeito; esse povo daqui não vai pra frente, é preguiçoso”. 

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“Ela é uma personagem de muitas camadas, um certo fracasso na maternidade e, ao mesmo ser uma mulher muito poderosa, ser prepotente, manipuladora, não consegue controlar os filhos como ela gostaria, ela tem uma certa dificuldade com afeto, em uma família que ela considera disfuncional”, afirma a atriz belo-horizontina Debora Bloch, que  encara a missão de interpretar Odete Roitman.

Segundo a artista, a personagem não terá muitas mudanças no caráter e no comportamento em relação à Odete retratada no fim dos anos 1980. Debora garante que a vilã é uma pessoa preconceituosa, retrógrada e, “infelizmente, muito atual”. “A Odete é o retrato de uma classe que despreza o Brasil, e, ao mesmo tempo, se beneficia dele, suga as suas riquezas. Eu acho que ela é uma personagem muito interessante e, infelizmente, muito atual. O Brasil mudou muito, mas a gente está vendo aí uma volta, não só no Brasil mas no mundo, de um pensamento conservador, de um pensamento preconceituoso, de um pensamento retrógrado”, explica Debora, que acredita que a vilã de “Vale Tudo” representa esses pensamentos.

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Debora revela que não se sente incomodada com o fato de a maioria dos holofotes estar em cima de Odete Roitman. “Eu acho legal, interessante, as pessoas estarem envolvidas com a estreia da novela. Eu estou muito feliz por estar fazendo (a Odete), é uma personagem maravilhosa, muito especial. Eu tenho 45 anos de carreira, e eu me sinto presenteada por ter recebido esse convite, uma personagem que tem a minha idade, e acho que estou na idade certa de fazer, e estou madura para fazer esse trabalho”, conta a atriz, de 61 anos.

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Sobre a expectativa em torno da estreia, ela diz: “A gente não tem como prever como as pessoas vão reagir ao trabalho. A gente está em outro momento do Brasil, do mundo, então vai ser uma surpresa como elas vão reagir. Acho que tem um lado que as pessoas sempre amam odiaras vilãs, tem um lado que as pessoas têm uma atração pelas vilãs”.

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Mudança na história

A morte da vilã foi um dos pontos altos da primeira versão de “Vale Tudo”. Foi só no último capítulo, exibido no dia 6 de janeiro de 1989, que o público descobriu que Leila (Cássia Kis) foi a autora do disparo e matou, por engano, a vilã. Segundo a autora Manuela Dias, Odete vai ser assassinada no remake, porém, a identidade do assassino é mantida a sete chaves.

Questionada se sabe quem vai matar Odete Roitman na nova versão de “Vale Tudo”, Manuela responde: “Milhões farão essa pergunta, mas eu não falarei nada. Mas eu, Manuela Dias, vou matar Odete Roitman”.