A harpa é um dos instrumentos mais antigos da história da humanidade e talvez seja o que tem a sonoridade mais delicada. Pois ela é a estrela de dois concertos especiais que acontecem nesta quinta (15) e sexta (16), a partir das 20h30, na Sala Minas Gerais, no Barro Preto. Pelas mãos da francesa Clémence Boinot - harpista principal da Filarmônica de Minas Gerais - o público será brindado com um repertório que celebra o finlandês Jean Sibelius, o tcheco Antonín Dvorák, além dos 250 anos de nascimento do compatriota de Clémence, o compositor François-Adrien Boieldieu.

A regência será do maestro associado José Soares. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala, a partir de R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,80 (meia).

 

Segundo informações do site da Filarmônica, Clémence Boinot -  que é natural de Cergy-Pontoise, localizada a cerca de 60 km de Paris - apaixonou-se pela harpa aos cinco anos, quando encontrou o instrumento pela primeira vez. Aos 20, ingressou na Haute École de Musique de Genebra, na Suíça, e, sob orientação de Florence Sitruk, concluiu três diplomas: um bacharelado em Performance Musical (Harpa) em 2013, um mestrado em Pedagogia Musical em 2015 e um mestrado em Soloist Performance em 2017. Neste mesmo ano, Clémence ingressou na nossa Orquestra e passou a viver no Brasil. Desde a abertura do programa Academia Filarmônica, em 2021, atua como mentora de harpa, orientando jovens harpistas que desejam se profissionalizar. 

Repertório dos concertos desta quinta (15) e sexta (16):

Jean Sibelius (Hämeenlinna, Finlândia, 1865 – Järvenpää, Finlândia, 1957) e a obra Finlândia, op. 26 (1900)

A Finlândia de 1899 ainda estava sob domínio russo. Solitária e ameaçada, lutando por sua cultura recôndita em seus lagos e florestas, fará de Jean Sibelius o símbolo de seu nacionalismo. Cada obra escrita por Sibelius, desde o início da carreira, parece inspirar-se nos poetas de sua terra, em suas epopeias nacionais e em seu folclore. Surgem daí seus poemas sinfônicos, dentre os quais se destacam O Cisne de Tuonela, Tapiola e, principalmente, Finlândia.

Embora Tapiola apresente um modelo bem próximo dos poemas sinfônicos de Liszt e Strauss, Finlândia a ele escapa. Composta em 1899, sob o jugo czarista, esta obra relativamente breve parece ter apenas um único propósito: entoar um hino de amor à terra finlandesa. Embora seja uma criação original do compositor, não deixa de apresentar traços do folclore nórdico. Talvez daí o fato da obra ter se tornado uma das melodias mais representativas da cultura musical da Finlândia, concorrendo, entre seus patrícios, com seu próprio hino nacional.

Estreada em 2 de julho de 1900, em Helsinki, pela Sociedade Filarmônica daquela cidade, sob a regência de Robert Kajanus, em uma Finlândia ainda sob domínio russo, a peça teve que adotar diversos codinomes para que pudesse ser executada sem o veto da censura. Nos meses seguintes à estreia, Finlândia integrou o repertório de uma longa turnê europeia realizada por Sibelius, contribuindo para apresentar o talento deste grande compositor aos países vizinhos, bem como para lançar luz sobre as questões políticas que afligiam seu povo, tornando-se, assim, um símbolo da luta pela independência finlandesa. 

 

François-Adrien Boieldieu (Rouen, França, 1775 – Varennes-Jarcy, França, 1834) e a obra Concerto para harpa em Dó maior (1801)

 

A harpa, um dos instrumentos mais antigos de que se tem registro, começou a ganhar a forma como a conhecemos hoje por volta de 1720, com a invenção do mecanismo de pedais pela família Hochbrucker, na Bavária. A nova tecnologia ampliou as possibilidades sonoras do instrumento, que logo conquistou um lugar cativo nos elegantes salões da aristocracia francesa. Na segunda metade do século XVIII, a harpa chegou de vez às salas de concerto ao ser incluída em óperas como Orfeu e Eurídice, de Gluck, e ao ganhar o tratamento de solista por grandes compositores, entre eles Mozart, que escreveu em 1778 o seu popular Concerto para flauta e harpa, K. 299.

Já na virada dos Oitocentos, François-Adrien Boieldieu, na época um jovem professor do Conservatório de Paris e compositor em ascensão, cria uma série de peças para o instrumento, sendo a mais conhecida delas o Concerto para harpa em Dó maior. Esse interesse de Boieldieu pela harpa nasce de sua amizade com Sébastien Érard, um bem-sucedido fabricante de instrumentos que, anos mais tarde, seria responsável por aperfeiçoar o mecanismo de pedais ao incluir a ação de movimento duplo, estabelecendo, assim, o modelo-base para as harpas modernas. 

 

Finalizado em 1801, o Concerto segue uma estrutura formal característica do período Clássico, mas antevê, em alguma medida, traços do Romantismo por vir, especialmente no segundo movimento. Graças ao modo como Boieldieu ilumina a graciosidade da harpa, valorizando seu potencial melódico e incluindo passagens de ágil virtuosismo, a obra se tornou uma das favoritas de harpistas e demais apreciadores do instrumento.

 

Antonín Dvorák (Nelahozeves, República Tcheca, 1841 – Praga, República Tcheca, 1904) e a obra Sinfonia nº 8 em Sol maior, op. 88 (1889)

 

Em meados de 1889, o maestro Vasily Safonov, diretor do Conservatório de Moscou, convidou Antonín Dvorák para reger pessoalmente algumas de suas obras na Rússia. Seria a primeira ida de Dvorák à terra de Tchaikovsky, compositor que tivera a oportunidade de conhecer em Praga e cuja música, em seu colorido e em sua originalidade, lhe deixou forte impressão. Pensando em quais obras seriam mais interessantes para essa estreia em outro país, Dvorák decidiu compor uma nova sinfonia especialmente para a ocasião. 

 

Escrita em sua casa de campo no outono de 1889, a Sinfonia nº 8 em Sol maior celebra um período de conforto financeiro e crescente reconhecimento internacional para o compositor tcheco. Talvez por isso transmita uma atmosfera tão serena, marcada pelo encanto com as coisas naturais e por um otimismo radiante. Dividida em quatro movimentos, a obra se inspira nas fontes da tradição popular boêmia, na esteira do nacionalismo dominante na segunda metade do século XIX, de que Dvorák é um dos mais importantes representantes.

 

Apesar do intuito inicial, Dvorák acabou desistindo de apresentar sua nova sinfonia em Moscou naquela temporada. A Oitava só seria estreada, com grande sucesso, em fevereiro de 1890, em Praga, sob a regência do autor. Com o êxito da estreia, Dvorák decidiu que a primeira audição fora da Boêmia seria em terras britânicas, onde era especialmente apreciado e frequentemente convidado a reger suas obras. E, assim, sua Oitava Sinfonia foi tocada na Inglaterra e imediatamente editada nesse país, para só então ser ouvida na Rússia.

 

SERVIÇO

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Série Presto

15 de maio – 20h30

Sala Minas Gerais

 

Série Veloce

16 de maio – 20h30

Sala Minas Gerais

 

José Soares, regente

Clémence Boinot, harpa

 

SIBELIUS          Finlândia, op. 26 

BOIELDIEU       Concerto para harpa em Dó maior

DVORÁK            Sinfonia nº 8 em Sol maior, op. 88            

 

INGRESSOS:

R$ 39,60 (Mezanino), R$ 54 (Coro), R$ 54 (Terraço), R$ 78 (Balcão Palco), R$ 98 (Balcão Lateral), R$ 133 (Plateia Central), R$ 172 (Balcão Principal) e R$ 193 (Camarote).

Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.

 

Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.

 

Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br

 

Bilheteria da Sala Minas Gerais

Horário de funcionamento

Dias sem concerto:

3ª a 6ª — 12h a 20h

Sábado — 12h a 18h 

 

Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:

— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana 

— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado 

— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo