O rapper Sean Combs, de 55 anos, conhecido como P. Diddy, inicia nesta segunda-feira (5) seu julgamento por acusações de tráfico sexual e extorsão. Detido há oito meses, ele pode receber sentença de prisão perpétua caso seja condenado. A primeira etapa do processo judicial consiste na seleção do júri, procedimento que pode durar até uma semana.
Há cerca de dez dias, Combs recusou uma proposta de acordo judicial oferecida pelos promotores. O rapper se declarou inocente de todas as acusações apresentadas contra ele.
Entre as principais alegações contra o artista está a de ter forçado pessoas a participarem de eventos denominados "freak-offs", além de utilizar sua empresa como estrutura para atividades criminosas. A defesa do rapper argumenta que todas as relações mantidas por ele foram consensuais.
Festas de P. Diddy
As festas organizadas por Diddy ganharam destaque nas investigações. O músico já era conhecido por promover as chamadas "festas do branco", eventos de grande porte com presença de celebridades. As acusações, porém, revelaram a existência de encontros mais reservados, identificados como "freak-offs" (aberrações, em português) e "wild king nights" (noites de rei selvagem, em português).
Yoruba Richen, diretora do documentário "A Queda de P. Diddy", explicou a diferença entre os tipos de eventos. "As 'festas do branco', onde todos estavam, tinham toda a pompa e circunstância, enquanto as outras eram eventos menores, mais intimistas, que ele orquestrava", afirmou a cineasta ao portal Splash.
A diretora esclareceu características dos eventos mais reservados. "Os 'freak-offs' e 'wild king nights' eram pequenos. Tinha poucas pessoas ali. Aconteciam, geralmente, em hotéis e eram organizados. Segundo o assistente Phil Pines, não eram cheios de celebridades. Há uma dissonância entre o que o público entendeu e o que descobrimos falando com as pessoas mais próximas de Diddy."
Cassie Ventura, ex-namorada de Combs, relatou ter sido coagida a participar dos "freak-offs". Ela afirmou que era obrigada a se relacionar com garotos de programa durante esses eventos e usava substâncias porque assim "podia dissociar durante essas situações horríveis". Entre as drogas supostamente oferecidas pelo rapper estavam ecstasy, cocaína, cetamina, maconha, álcool e GHB, conhecida como a "droga do estupro".
Ventura também declarou que era agredida fisicamente e filmada por Diddy durante essas ocasiões. Os relatos sobre as festas privadas foram corroborados por Phil Pines, ex-assistente de Combs, que afirmou ter sido responsável pela organização das chamadas "noites selvagens do rei", eventos similares aos "freak-offs".
Pines detalhou que a lista de itens para essas festas incluía ansiolíticos, cetamina, maconha, óleo para bebê, cogumelos, Viagra e lubrificantes. Ele também era responsável pela limpeza dos quartos de hotel após os eventos.
O ex-assistente descreveu o estado dos ambientes após as festas: "Chegando lá, você via o estrago. As manchas, as camisinhas usadas, o óleo para bebê, lubrificante escorrendo pela garrafa. Cacos de vidro, urina, sangue, manchas na mobília". Ele acrescentou: "Sem brincadeira, dava para escorregar porque tinha óleo para bebê por todo o chão. [...] O cheiro desse óleo [é um gatilho] agora."
Pines também relatou ter sido coagido a manter relações sexuais com uma mulher durante uma dessas festas. Segundo ele, Diddy afirmou que o assistente precisava "provar sua lealdade ao rei" e se relacionar com outra convidada. O ex-funcionário declarou que aceitou para evitar represálias, mas interrompeu o ato quando o rapper se afastou do local.