Disponível na Netflix, Feito na América é um filme biográfico de ação dirigido por Doug Liman e estrelado por Tom Cruise no papel de Barry Seal, um piloto da Trans World Airlines que se envolve em uma trama de espionagem, tráfico de drogas e corrupção durante os anos 1980.

Inspirado em eventos reais, o longa apresenta Seal recrutado pela CIA para realizar voos de reconhecimento sobre a América Central, com o objetivo de monitorar tropas comunistas – uma operação que se insere no contexto da Guerra Fria e das ações dos Contras na Nicarágua. Em paralelo, Seal inicia um esquema paralelo: ele transporta armas para os rebeldes e cocaína para o cartel de Medellín, comandado por Pablo Escobar.

A atuação de Cruise, aos 55 anos, é um dos pontos altos do filme. Seu carisma tradicional se adapta bem ao perfil malandro e charmoso de Seal — embora não haja grande semelhança física com o piloto real . O elenco de apoio também se destaca, com Domhnall Gleeson no papel do agente da CIA Montgomery Schafer, Sarah Wright como Lucy, esposa de Seal, e atores como Jesse Plemons e Mauricio Mejía, este último brilhando na interpretação de Pablo Escobar.

Visualmente, o filme aposta em um visual nostálgico dos anos 80: a fotografia vibrante de César Charlone recorre a técnicas que lembram a estética das fitas VHS, reforçando o clima de época. A montagem — com movimentos de câmera amplos e cortes rápidos — reforça o ritmo frenético da vida dupla de Seal.

No entanto, a crítica aponta que o tom, embora eficiente para o entretenimento, peca por manter um distanciamento emocional mais superficial. Segundo o jornal Coisa de Cinéfilo, o filme acerta em equilibrar ação, humor e conteúdo, mas falha ao explorar aspectos femininos da trama — Ezra Wright, que interpreta Lucy, tem papel reduzido a complemento do marido e do consumo material. Já Vortex Cultural ressalta que, embora visualmente marcante, o longa carece de uma narrativa com conflitos pessoais mais profundos e tensão dramática consistente.

Para o público, o filme pode agradar tanto por sua vibe “Top Gun dos anos 80” – com manobras aéreas e voos arriscados –, quanto pelo humor que emerge dos excessos: em uma cena memorável, Cruise aparece completamente coberto de cocaína — uma mistura de absurdo e carisma que reforça a natureza anti‑heróica do protagonista.

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