A cinebiografia dos Mamonas Assassinas, lançada em 2023 e recentemente disponibilizada na Netflix, revive a trajetória meteórica da banda de rock cômico de Guarulhos, criada por Edson Spinello com roteiro de Carlos Lombardi. Desde os tempos em que se apresentavam como Utopia até o trágico acidente aéreo que vitimou todos os integrantes em 1996, o filme tenta condensar anos de história em pouco mais de uma hora e quarenta minutos. Apesar da caracterização fiel dos músicos — com destaque para Ruy Brissac como Dinho — a obra dividiu opiniões por conta de sua estrutura narrativa e ritmo acelerado.

A crítica especializada aponta que a montagem comprometida afeta a experiência do espectador. As rápidas transições, cortes bruscos e falhas de continuidade deixam a trama confusa e dificultam a conexão emocional com os personagens. Para muitos, o longa se assemelha a uma novela juvenil mal editada, onde se priorizou a agilidade da narrativa em detrimento da profundidade. Há ainda quem diga que o projeto parece ter sido originalmente pensado como série, mas foi transformado em filme sem a devida adaptação, resultando em um produto final apressado e desorganizado.

Outro ponto que gerou críticas foi a forma como as personagens femininas foram retratadas. O roteiro, considerado superficial, as apresenta de maneira estereotipada e com pouca complexidade. Algumas análises apontam traços machistas no texto, reduzindo as mulheres a papéis secundários ou caricatos. Além disso, a construção dos próprios integrantes da banda é desigual: enquanto alguns ganham mais espaço e desenvolvimento, outros permanecem apagados ao longo da trama.

Apesar das falhas, o filme tem seus acertos. As cenas de shows são vibrantes e capturam com precisão a energia irreverente que transformou os Mamonas em um fenômeno nacional. Ruy Brissac se destaca com uma atuação carismática e cheia de entrega. No fim das contas, a produção pode até falhar como biografia, mas ainda consegue despertar a nostalgia do público que acompanhou a trajetória explosiva — e breve — do grupo.

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