Basta observar a capa de “Sambrancelhas” para entender a escolha do nome do álbum, que reúne Paulinho Pedra Azul, Murilo Antunes e Paulo Henrique em disco pela primeira vez, embora se conheçam desde o início dos anos 2000 e, de lá para cá, tenham colaborado entre si em diferentes parcerias a dois. “De onde veio o nome? Nós nos olhamos no espelho e num dos nossos encontros me veio essa ideia”, conta o compositor e poeta mineiro Murilo Antunes.
"Três sobrancelhas aveludadas estampam a capa do álbum, dando rosto e sentido ao título num jogo de palavras que reúne, além da semelhança física, a paixão pelo samba. Em “Sambrancelhas”, que chegou no fim de junho às plataformas digitais, letras escritas há 10, 12 anos ganham a companhia de composições mais recentes.
Quando Paulo Henrique obteve recursos por meio de uma lei de incentivo de Mogi das Cruzes, o álbum começou a tomar forma em 2024 – primeiro, em sua cidade natal, onde os músicos gravaram as bases. Depois, em Belo Horizonte, foi a vez de Murilo, Paulinho e Paulo entrarem em estúdio para darem voz às canções, que passeiam por vertentes diversas.
Há um par de anos, Paulo Henrique começou a escrever os arranjos. No disco, violão, violão de sete cordas, cavaquinho, percussão, quarteto de cordas, saxofone, trombones, trompetes, clarinetes e flautas embalam as 12 faixas.
“Fui montando o instrumental como se fosse uma orquestra brasileira”, comenta. “Tem samba de breque, samba-canção, samba mais puxado para o bolero, samba tradicional, samba de terreiro. Tudo isso foi aparecendo naturalmente”, acrescenta Murilo Antunes.
Ineditismos
“Esse álbum é muito especial, pois conseguiu juntar esses dois amigos e letristas que nunca tinham composto juntos”, celebra Paulo Henrique. O trio divide os vocais entre as 12 faixas e mora aí outro ineditismo de “Sambrancelhas”: o fato de Murilo Antunes, letrista por excelência, cantar em um álbum pela primeira vez em sua cinquentenária carreira.
“Eu sempre canto na hora que estou compondo para ver se a métrica está certa ou enviando áudios aos parceiros, mas em disco é novidade e estou feliz com esse primeiro registro”, ele diz.
O álbum, ressalta Paulinho Pedra Azul, vai ao encontro de uma tradição mineira nem sempre ressaltada e reconhecida: “Temos muito samba. Temos Toninho Geraes, Maurício Tizumba também tem seus sambas, Toninho Horta tem sambas lindos. Isso sem contar os sambistas mais antigos, que moraram no Rio de Janeiro, como Ataulfo Alves e Noca da Portela”.
“Sambrancelhas” surge não só como exaltação à diversidade do samba, gênero que inspira o trio de parceiros há tantas décadas, mas também à amizade construída ao longo de 25 anos, numa conexão entre Belo Horizonte e Mogi das Cruzes. “O samba reúne as pessoas e nos reuniu também em 12 músicas inéditas, sinônimo de respeito e admiração mútuas”, diz Paulinho Pedra Azul.