É a partir do diagnóstico de Alzheimer da avó que a escritora e pesquisadora mineira Flávia Péret apresenta uma investigação íntima sobre a linguagem, a memória e o esquecimento em seu novo livro, “Coisas Presentes Demais” (Relicário Edições, 188 págs., R$ 65,90), que será lançado nesta sexta-feira (25/7), em Belo Horizonte, às 19h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274 – Savassi).

Paloma Vidal (professora, pesquisadora e tradutora), que assina o texto de orelha da obra, Danielle Magalhães (poeta e ensaísta), Carina Gonçalves (poeta e redatora) e Marina Apolinário (escritora e poeta) participam do evento em uma conversa e leitura com a autora.

O que se perde quando se perde a memória? A pergunta assombra a escrita de “Coisas presentes demais”. Frente ao progressivo esquecimento da avó, uma neta entra num intenso estado de rememoração, mas a escrita, como gesto que tenta salvar aquilo que começa a se desfazer, traz, também, o inesperado.

Neste novo livro de Flávia Péret, a narradora se aproxima da avó – uma figura enigmática e exuberante, agora em processo de apagamento pela doença de Alzheimer – por meio de fragmentos de memória, imagens, gestos e silêncios.

Entre visitas à casa de repouso e lembranças de infância, nasce uma narrativa em mosaicos marcada pela delicadeza e pela investigação do olhar: o da avó sobre a neta, o da neta sobre a avó, e o da mulher que a narradora se torna ao revisitar essa relação. Uma reflexão profunda sobre a imaginação, o esquecimento, a herança e o amor.

“Sigo em busca de uma imagem síntese que traduza com exatidão a essência luminosa e desafiadora da avó”, escreve Flávia Péret, que nos últimos anos tem trabalhado com pesquisas e processos no campo da palavra e sua interseção com outras linguagens.

Diagnosticada com Alzheimer, começa a se apagar a pessoa fascinante que foi essa mulher caleidoscópica, nascida em 1930, destinada a ser o anjo do lar, como diria Virginia Woolf, mas cuja força a faz escapar, não sem violência, dessa armadilha.

Sobre a autora

Flávia Péret nasceu em Ouro Preto em 1978. Escritora, professora de criação literária e pesquisadora, publicou “Imprensa Gay no Brasil”, “10 Poemas de Amor e de Susto”, “Outra Noite”, “Novelinha”, “Uma Mulher”, “Os Patos”, “Mulher-Bomba e “Instruções para montar mapas, cidades e quebra-cabeças”.

Em 2018, Flávia recebeu o Prêmio Jean-Jacques Rousseau, da Akademie Schloss Solitude (Alemanha), pelo projeto “Uma Mulher” (livro e site de escrita expandida). Em 2010, venceu o Prêmio Memória do Jornalismo Brasileiro, promovido pela Folha de S.Paulo.