“A primeira coisa que fiz foi conhecer e tentar não julgar ou não qualificar quem seria Blavatsky, e, sim, realmente mergulhar na essência e na força dessa mulher.” É assim que a atriz Beth Zalcman define o processo de imersão na figura complexa e visionária de Helena Blavatsky, escritora e filósofa espiritualista russa nascida em 1831. Beth dará vida a Helena no espetáculo “A Voz do Silêncio”, que retorna a Belo Horizonte, de sexta a domingo (15, 16 e 17/8), no Teatro Feluma.
No monólogo, com texto da professora brasileira Lúcia Helena Galvão, Beth percorre a vida dessa mulher visionária, que deu ao mundo uma importante contribuição da filosofia oriental. “Ela foi uma mulher muito grande, presente, assertiva e muito determinada. Isso tudo são qualidades que eu pego para trazer para o meu corpo e para poder construir essa figura que se impõe aonde vai, que vibra, que se expande de tal maneira que ela realmente abarca quem estiver envolvido. Ela não cabe em caricatura nenhuma. Pelo contrário: eu tenho que mergulhar na profundidade que ela propõe para a gente com os pensamentos dela.", resume a atriz.
A montagem convida o público para um mergulho nos fragmentos filosóficos atemporais presentes na obra de Helena Blavatsky. A atriz analisa que, ao longo de sua vida, a filósofa teve um objetivo bem claro: a busca pela verdade. E é exatamente isso que Beth tenta empregar ao espetáculo.
“Blavatsky teve uma busca muito intensa por compreender a humanidade, por meio do conhecimento antigo, trazendo isso ao mundo ocidental. Eu não tenho um roteiro do que vai acontecer durante a peça. Há momentos em que ela fica muito irada, outros em que é muito compreensiva, emocionada… E eu vou deixando que aconteça, porque, conforme eu vou escutando o texto, muito belo e profundo, eu deixo ele me tocar para que eu possa expressar através dela.”, sintetiza.
Ainda segundo Beth Zalcman, o verdadeiro desafio de interpretar Helena Blavatsky começa quando ela consegue visualizar e trazer para o próprio corpo a imagem dessa figura tão intensa. “A partir daí, eu me pergunto: ‘qual voz vai sair desse corpo que estou imaginando? Quais serão os gestos? Quem é essa mulher que começa a se desenhar diante de mim?’”
Para Beth, cada apresentação do monólogo é única. “Cada palavra que Blavatsky diz eu saboreio profundamente. Não acrescento nada, não improviso, porque o texto é tão profundo que não me dou o direito de alterá-lo. Quando finalmente senti que Blavatsky estava ali, inteira, maior do que eu, percebi que era dali que nossa trajetória começaria”, afirma.
Beth Zalcman se apresenta também com “ÂNIMA”
No fim de semana seguinte à apresentação de “A Voz do Silencio”, a atriz Beth Zalcman volta aos palcos do Teatro Feluma, dos dias 23 a 25 de agosto, desta vez para a montagem “ÂNIMA”, que retorna pela segunda vez BH, apresentando seis mulheres que mudaram o curso da história: Helena Blavatsky, Joana Darc, Simone Weil, Harriet Tubman, Marguerrit Porret e Hipátia de Alexandria. “Cada uma, à sua maneira, com muita determinação e entrega, trouxe contribuições que ecoam até hoje. Elas atuavam movidas por qualidades que, muitas vezes, esquecemos no mundo contemporâneo, como a generosidade e o amor”, afirma Beth.
A peça, inspirada em uma frase da filósofa Delle Stenberg-Gussman, parte da ideia de que “toda mulher tem parentesco com a primeira estrela brilhante que levou luz ao azul profundo do céu”. Essa metáfora serve como guia para a montagem: a mulher como princípio da criação, como útero que abriga o espírito e gera vida. A dramaturgia traz, ainda, reflexões sobre o feminino como essência da humanidade, e o teatro como espaço infinito de possibilidades.
“Tem uma parte do texto que eu amo, logo no início, quando se fala do céu de Urano como um espaço onde partículas de espírito e matéria se entrelaçam, e nesse instante surge a vida. Esse mistério que o feminino representa tão bem. A ancestralidade feminina está nesse ciclo de trazer a luz do Espírito para a manifestação. E todos que nela se inspiram, herdam essa missão”, compartilha Beth.
Unindo corpo, voz e sensibilidade, a atriz mergulha na tarefa de dar passagem a essas figuras históricas. “É místico. É algo que vai além de uma existência. Levar essas seis mulheres ao palco, de tempos e trajetórias tão distintas, é como se eu tocasse suas experiências através de mim, e deixasse que falassem. É maravilhoso poder sentir isso.”
SERVIÇO
Espetáculo Helena Blavatsky, A Voz do Silêncio
Data: 15 (sexta), 16 (sábado) e 17 (domingo) de agosto
Horário: Sábado, às 20h e Domingo, às 18h
Apresentação com libras acontece dia 15 (sexta)
Local: Teatro Feluma, Alameda Ezequiel Dias, 275, 7º andar – Centro
Valor: Plateia: R$120 (inteira) / R$60 (meia)
ÂNIMA
Data: 22, 23 e 24 (sexta, sábado e domingo) de agosto
Horário: sexta e sábado, às 20h e domingo, às 18h
Local: Teatro Feluma, Alameda Ezequiel Dias, 275, 7º andar – Centro
Valor: Plateia: R$120 (inteira) / R$60 (meia)