GRAMADO – A série brasileira “Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente” só estreia no dia 31, na plataforma da HBO Max, mas Johnny Massaro já assistiu aos cinco episódios várias vezes. Ele faz o protagonista, Nando, um comissário de bordo que, na década de 1980, ajuda a transportar clandestinamente o medicamento AZT do exterior , para o tratamento da AIDS. O primeiro capítulo foi exibido na noite de sábado (16) no Palácio dos Festivais, no segundo dia de programação do Festival de Gramado.
“Todas as vezes que eu vi essa série, eu chorei de soluçar e ficar vermelho. Ao mesmo tempo, ela é muito divertida, apesar de representar um momento muito trágico da nossa história. A minha expectativa é que essa emoção consiga chegar às pessoas”, afirma Massaro, em entrevista a O TEMPO, na Sociedade Recreio Gramadense, pouco antes do debate com a equipe da série, na manhã deste domingo. Estavam também presentes os atores Bruna Linzmeyer e Ícaro Silva e o diretor Marcelo Gomes.
Johnny Massaro fala à reportagem de O TEMPO sobre a série “Máscaras de Oxigênio Não Caem Automaticamente”, que teve o primeiro episódio exibido no sábado (16), durante o Festival de Cinema de Gramado. pic.twitter.com/pTY2gcVoRw
— O Tempo (@otempo) August 17, 2025
“Foi um trabalho em que a equipe toda estava muito envolvida, onde teve muito amor e noção da responsabilidade de contar essa história, porque viver com HIV hoje é muito diferente da época que a série retrata. Nos anos de 1980, realmente era uma sentença de morte. E hoje, como a (infectologista e consultora da produção) Márcia Rachid fala, é uma sentença de vida. É um ponto pacífico da Medicina que, quem está com HIV e em tratamento, tem uma expectativa de vida igual ou maior de quem não tem”, registra.
O ator destaca que o elenco teve dois meses de preparação e pesquisa, “um processo muito harmônico e íntimo, onde a gente bateu todas as cenas e conversou sobre tudo”. Ele e Bruna também tiveram um laboratório num simulador de avião – assim como Massaro, Bruna também interpreta uma comissária. “Foi muito único, porque a aviação dos anos de 1980 e 1990 é radicalmente diferente do que é agora. Isso é uma das coisas belas da profissão, que nos obriga um pouco a se deslocar de nosso eixo e conhecer outros universos”.
Embora hoje falar de AIDS não seja um tabu, ele ressalta que a forma como a doença criou um estado de negação e exclusão ainda é bastante atual. “A negação é um estágio muito importante no entendimento das coisas, principalmente quando envolve algo desconhecido, como foi com o Covid. As pessoas dizem que não existe, que não é nada. De repente o tempo vai passando e nós vamos entendendo a gravidade. Você não pode simplesmente negar, mas entender e buscar as informações corretas”, assinala.
(*) O repórter viajou a convite do Festival de Cinema de Gramado