GRAMADO – A distribuição é o grande gargalo do cinema brasileiro. Os recursos geralmente são gastos completamente na produção dos filmes, restando pouco ou nada para pensar a comercialização, vital para enfrentar os blockbusters de Hollywood. Esse problema começa a ser corrigido com o Edital para Comercialização em Cinema, lançado pela Secretaria do Audiovisual no 53ª Festival de Gramado, que será encerrado neste sábado (23).
“Dentre as muitas ações de difusão, essa foi a que nós pautamos por entender que, além de ser um gargalo histórico, existe uma demanda represada recente de muitos filmes, que estão prontos, finalizados, e que não estão conseguindo chegar’ às salas de cinema. Estão inclusos aí filmes oriundos da Lei Paulo Gustavo, que injetou 12,8 milhões no audiovisual em 2023”, registra a secretária Joelma Gonzaga em entrevista à reportagem de O TEMPO.
“Como escoar, como fazer chegar todos esses filmes? Uma das nossas ações foi pautar uma linha de comercialização”, explica Joelma. Serão cerca de R$ 60 milhões destinados para esse fim, buscando fortalecer as produções de todos os estados. Poderão participar distribuidoras brasileiras independentes registradas na Agência Nacional de Cinema (Ancine). Entre as empresas mineiras habilitadas estão a Cineart, a Embaúba e a Zeta.
“O edital tem cinco módulos, pensando desde lançamento em 250 salas até circuitos menores. O grande foco é dar um suporte para essas distribuidoras consigam comercializar essas obras”, assinala Joelma. O edital cotas de indução regional, com o mínimo de 40% dos recursos para projetos por empresas de Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Vinte por cento serão reservados para a região sul e os estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
O edital também exige também a presença de, no mínimo, 25% dos recursos destinados a empresas que possuem quadro societário majoritariamente composto por pessoas negras, indígenas ou com deficiência. Desses projetos, 15% irão para projetos de comercialização apresentados por empresas que possuem negros entre os sócios; 50% para aquelas que têm mulheres cis ou pessoas trans desempenhando funções de roteiro, direção ou produção.
(*) O repóter viajou a convite da organização do Festival de Cinema de Gramado.