No ano de 1980, o Brasil viu um súbito aumento de bebês registrados como Fábio. Não foi simples coincidência. Nessa época, o cantor Fábio Jr. emplacava o hit "Vinte e Poucos Anos" e se firmava como galã da música romântica nacional. Se na década de 1970 foram pouco mais de 133 mil registros desse nome, nos anos 1980, pós-onda Fábio Jr, o número quase dobrou e passou de 236 mil. Os dados são do IBGE.
Outros nomes ganharam força em diferentes épocas. O estudo "Mapa da Popularidade dos Nomes Brasileiros", realizado pela BigDataCorp, mostra que a cultura pop é um dos principais motores da escolha de nomes no país. A empresa, porém, não divulga os totais absolutos por ano devido à Lei Geral de Proteção de Dados, apontando apenas as variações e picos em termos percentuais.
Celebridades, jogadores de futebol e personagens da ficção são, há décadas, grandes fontes de inspiração para pais na hora de preencher a certidão de nascimento de seus filhos. Em 1989, por exemplo, ano em que Angélica lançou seu segundo disco e vendeu mais de um milhão de cópias, o número de homônimas cresceu exponencialmente.
No mesmo ano e no ano seguinte, Cássia também teve um pico de registros - foi quando Cássia Eller começou a brilhar, ainda no início de sua carreira.
Já Camila estourou nas paradas de sucesso dos cartórios no fim da década de 1980, na época em que a música "Camila, Camila", do grupo Nenhum de Nós, virou hit. Segundo o censo do IBGE, havia no Brasil 10.724 Camilas em 1970. Esse número passou para 205.816 duas décadas depois.
Em 2000, foi a vez de Sandy. O nome atingiu seu auge impulsionado pelo sucesso da dupla Sandy & Junior e pulou de 416 registros para mais de 4 mil em dez anos.
As novelas também ajudaram a batizar gerações. Em 2001, Jade explodiu em popularidade com "O Clone" e, quase na mesma época, em "Laços de Família" (2000), a personagem Íris, interpretada por Deborah Secco, também teve seu nome multiplicado nos cartórios brasileiros.
Raí teve momentos de popularidade entre 1990 e 2024. O nome se difundiu em homenagem ao jogador de futebol, ídolo do São Paulo e da seleção brasileira nos anos 1990. Mas o maior número de registros aconteceu em 2004, quando a novela "Cor do Pecado" estava no ar. Esse era o nome do filho dos protagonistas.
No futebol, as homenagens são muitas. Quando um jogador marca época, seu nome acaba sendo levado para os cartórios junto com a idolatria das torcidas. Neymar é um dos casos mais recentes. O nome começou a aparecer com frequência a partir de 2010 e teve o auge em 2011, quando o atacante ganhou o prêmio Puskás, de gol mais bonito do ano. Novos picos aconteceram em 2014 e 2018, anos de Copa no Mundo.
Antes dele, Edson, apesar de ser mais comum, também virou tendência. É de supor que Pelé (Edson Arantes do Nascimento), tenha alguma relação com esse boom, já que o maior pico de registros aconteceu em 1970, quando o Brasil conquistou o tricampeonato mundial no México. Naquele ano, 111.469 brasileirinhos foram registrados como Edson.
As celebridades internacionais também deixaram suas marcas nos cartórios brasileiros. Shakira foi uma delas. O nome da cantora colombiana teve seu auge em 1997, ano em que veio para o Brasil pela primeira vez, e seguiu aparecendo com frequência até o fim dos anos 2000.
Michael Jackson também inspirou muita gente. Depois da visita do astro ao Brasil, em 1993, houve uma onda de Maicons, Michels e Michaels, variações que refletiam a popularidade global do rei do pop.
A ficção internacional também rendeu nomes que atravessaram gerações. Hermione ganhou força entre 2016 e 2023, quando a geração que cresceu acompanhando a saga "Harry Potter" começou a formar famílias e a levar seus heróis literários para a certidão de nascimento dos filhos.
Moana, da animação da Disney lançada em 2016, também virou inspiração. O nome alcançou seu pico em 2020. Mas, essa não é uma tendência atual: Leia, a princesa de "Star Wars", já tinha inspirado registros em 1977, ano de lançamento do primeiro filme da saga.