Há mais semelhanças entre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e Johann Strauss Jr do que o amor e a dedicação à música clássica. Para começar, uma efeméride. Em 2025, celebra-se os 200 anos de nascimento do compositor austríaco, assim como os 10 anos de existência da Sala Minas Gerais, a casa da Filarmônica. Além disso, tanto Strauss quanto a orquestra compartilhavam uma preocupação em comum: a democratização da música clássica. “Strauss e toda família dele tiveram um papel muito importante em sua época, em Viena, que era levar a música clássica para o maior número de pessoas. A Filarmônica também tem essa preocupação, e, por isso, leva os concertos para fora da sala, com apresentações ao ar livre em praças e no interior do Estado”, sintetiza maestro Fabio Mechetti.
Para conseguir chegar às massas, Strauss compunha valsas, gênero de dança que impactou profundamente a música de concerto nos séculos XIX e XX, e que mais fomentava o engajamento de público. “A valsa define o romantismo alemão e vienense e se projeta pela sua popularidade. Traduz o fim de um século e penetrou ao longo do seguinte, sendo adotada por compositores contemporâneos e consolidando-se como um gênero estabelecido”, diagnostica. Como celebração dos 10 anos da Sala Minas Gerais e do nascimento do compositor, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais apresenta o “Noite em Viena”, concerto que reúne obras do artista austríaco e que será executado na quinta e sexta-feira (7 e 8 de agosto).
Estarão no repertório da orquestra tanto composições famosas, como “O Danúbio Azul”, “Rosas do Sul” e “Valsa do Imperador”, quanto obras menos conhecidas do artista. Mechetti optou por esse caminho para tentar condensar em uma única apresentação um trabalho profícuo realizado pelo compositor. “Strauss tem centenas de obras, entre valsas e polcas típicas da época. Naquela época, era raro repetir um mesmo programa a cada nova apresentação. Por isso, o compositor contava com um repertório vasto de peças, e nos concertos introduzia obras que revelavam toda a qualidade de sua produção”, ressalta o maestro.
Mechetti menciona ainda que a valsa “define um país e uma época” e traça paralelos entre a tradição de Viena e a musicalidade mineira. “Guardadas as devidas proporções, em Minas Gerais, temos um exemplo de movimento que definiu uma época e uma história, que foi o Clube da Esquina. Há manifestações artísticas e circunstâncias sociais que marcam períodos da história, assim como aconteceu com a Bossa Nova. Podemos dizer também que a valsa penetrou Minas Gerais e influenciou a música produzida aqui”, relata.
Ao falar sobre os 10 anos da Sala Minas Gerais, o maestro Fabio Mechetti destaca que trata-se da materialização de um desejo antigo. “Desde 2008, quando começamos a Filarmônica, queríamos uma sala só nossa. Então, ela representa a concretização de um sonho, especialmente porque a sala foi projetada do zero, na procura de uma perfeição artística.” O maestro reflete também sobre o período em que a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) manifestou interesse fazer a gestão da Sala Minas Gerais, mas desistiu após pressão popular. “Renovamos o contrato com o governo do Estado. Ainda assim, trata-se de um grande desafio. A manutenção e o cuidado com esse espaço exigem investimentos constantes. A busca por patrocínio e pelo entendimento do seu valor é permanente, e seguimos buscando recursos também junto à iniciativa privada”, analisa.
SERVIÇO
O quê. Concerto “Noite em Viena”, da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Quando. Quinta e sexta (7 e 8 de agosto), às 20h30
Onde. Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto)
Quanto. Ingressos entre R$ 39,60 (Mezanino) e R$ 193 (Camarote), na bilheteria ou no site filarmonica.art.br