TENSÃO

Filarmônica quis encerrar contrato de uso da Sala Minas Gerais, diz Codemig

Na sexta-feira, Governo de Minas anunciou que a gestão da sala de concerto no Barro Preto passará para a Fiemg

Por Cinthya Oliveira
Publicado em 07 de abril de 2024 | 15:22
 
 
 
normal

A gestão da Sala Minas Gerais vai passar por mudanças porque a própria Orquestra Filarmônica de Minas Gerais solicitou o encerramento do contrato de uso desta que é uma das principais salas de concerto do país, afirma o Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) por meio de nota enviada neste domingo (7). A orquestra nega.

O posicionamento foi enviado depois que o Instituto Cultural Filarmônica (ICF), responsável pela gestão da orquestra, afirmou publicamente não ter tomado conhecimento da assinatura do “Acordo de Cooperação Técnica para Gestão Compartilhada da Sala Minas Gerais e Mineiraria” entre a Codemig e a Fiemg/Sesi Minas - anunciada pelo Governo na sexta-feira (5). Ou seja, a gestão da sala de concerto, que estava com o ICF, passa para as mãos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), através do Sesi, por cinco anos.

De acordo com a Codemig, em meados do ano passado, a Filarmônica teria procurado o Estado  com a  intenção de encerrar o contrato de utilização da Sala Minas Gerais. “A Secretaria concordou com o pedido, mas solicitou um prazo de seis meses para a busca de um novo parceiro. A solicitação foi aceita, com assinatura de um Termo de Permissão de Uso só até o meio deste ano, com cláusula resolutiva. Essa decisão, que partiu da própria Orquestra, antecedeu qualquer discussão com a Fiemg”, disse a Codemig, que é uma empresa estatal responsável pela gestão de equipamentos públicos ligados ao Estado.

Ainda segundo a Codemig, a Sala Minas Gerais continuará a hospedar as apresentações da orquestra até o fim deste ano. Para o futuro, a Filarmônica terá de negociar o calendário com a Fiemg/Sesi. 

O Instituto Cultural Filarmônica nega que tenha feito a solicitação para encerrar o contrato. Em nota enviada a O Tempo, a Filarmônica "esclarece que nunca houve intenção de entregar a Sala Minas Gerais a qualquer outro gestor. De acordo com o que já foi comunicado, o ICF tem garantido, pelo Contrato de Gestão, o controle da Sala até dezembro de 2024, na expectativa, como sempre o foi, de que uma renovação do contrato mantivesse a premissa lógica e original de que a Sala Minas Gerais é a sede, a casa da Filarmônica, e a instituição qualificada para sua gestão, por força do resultado do edital público lançado pelo Governo de Minas Gerais em 2020".

Por meio de nota enviada na sexta-feira, a Filarmônica afirmou que só tomou conhecimento da gestão compartilhada através da imprensa. “O ICF esclarece que participou de edital, lançado pelo Governo de Minas Gerais em 2020, para a seleção pública de entidade para operação e manutenção da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, juntamente com a gestão, operação e manutenção da Sala Minas Gerais, tendo sido a instituição vencedora deste chamamento público”, disse o ICF (confira nota na íntegra abaixo).

"Uma gestão compartilhada com outra instituição, como a FIEMG/Sesi Minas poderia ser oportuna desde que seja para contribuir, como fazem as grandes empresas de São Paulo parceiras das orquestras", completou o instituto. 

Veja na íntegra a nota enviada pela Codemig:

"A Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais - Codemig, em seu compromisso com a transparência, esclarece as condições relativas ao uso da Sala Minas Gerais e a parceria subsequente com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - Fiemg. 

Em meados de 2023, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais procurou o governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura, que detém o contrato de gestão com a Filarmônica - que continua vigente com todos os termos respeitados, assim como o termo de permissão de uso-, com a  intenção de encerrar o contrato de utilização da Sala Minas Gerais. 

A Secretaria concordou com o pedido, mas solicitou um prazo de seis meses para a busca de um novo parceiro. A solicitação foi aceita, com assinatura de um Termo de Permissão de Uso só até o meio deste ano, com cláusula resolutiva. 
Essa decisão, que partiu da própria Orquestra, antecedeu qualquer discussão com a Fiemg. Respeitando a importância da Filarmônica de Minas Gerais para o cenário cultural de nosso estado, a Codemge não só acolheu a decisão, mas também propôs à Fiemg que a Orquestra pudesse estender sua permanência até o final do ano. 

Esta solicitação foi prontamente aceita pela entidade demonstrando um compromisso compartilhado com o fomento à cultura mineira.

Destacamos que a Sala Minas Gerais continuará a hospedar as apresentações da Orquestra até o fim deste ano. Após esse período, embora a Orquestra tenha inicialmente solicitado o uso do espaço apenas até o meio do ano, ela poderá continuar utilizando a Sala Minas Gerais. Contudo, passará a negociar diretamente com a Fiemg o calendário de uso do espaço, assegurando que a Sala continue a ser um palco para atividades culturais inclusivas e diversificadas. 

A Codemig reitera seu compromisso com a promoção da cultura em Minas Gerais, fortalecido pela colaboração com a Fiemg e pelo apoio à decisão da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Agradecemos à Orquestra por sua valiosa contribuição ao cenário cultural do estado e à Fiemg pela flexibilidade e parceria. Juntos, estamos empenhados em enriquecer ainda mais a vida cultural de Minas Gerais".

Veja na íntegra a nota da Filarmônica enviada na sexta-feira:

"O Instituto Cultural Filarmônica, responsável pela gestão da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e de sua sede, a Sala Minas Gerais, informa não ter participado de qualquer fase das negociações e que só tomou conhecimento pela imprensa do  "Acordo de Cooperação Técnica para Gestão Compartilhada da Sala Minas Gerais e Mineiraria" entre a CODEMIG e a FIEMG/Sesi Minas, tendo tido acesso ao documento somente após a sua assinatura em evento promovido pela Codemig e Fiemg.

O ICF esclarece que participou de edital, lançado pelo Governo de Minas Gerais em 2020, para a seleção pública de entidade para operação e manutenção da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, juntamente com a gestão, operação e manutenção da Sala Minas Gerais, tendo sido a instituição vencedora deste chamamento público.

A Sala Minas Gerais já possui uma ocupação por parte da Filarmônica de 270 dias por ano, sendo mais de 80 apresentações nas tradicionais séries de concertos com a presença de convidados de renome internacional e um público anual de cerca de 100.000 pessoas, além de ensaios e ações educacionais gratuitas, como os Concertos para a Juventude e os Concertos Didáticos. A sala de concertos é também o local para a gravação de todos os álbuns da Filarmônica, totalizando 12 lançamentos internacionais, com uma indicação ao Grammy Latino em 2020.

Em meio à pandemia, recursos captados pelo ICF permitiram a instalação na Sala Minas Gerais de seu próprio estúdio de TV para a realização de transmissões ao vivo de seus concertos - até o momento foram realizadas quase 100 transmissões e gravações, promovendo um alcance nacional e internacional da Orquestra para milhares de pessoas, tendo obtido dois reconhecidos prêmios por essa ação. Implementada em 2021, a Academia Filarmônica também tem como sede a Sala Minas Gerais para a realização das suas atividades educacionais e apresentações, com o uso diário de diferentes espaços pelos alunos. Além destas atividades promovidas pelo Instituto Cultural Filarmônica e pela Orquestra, a Sala Minas Gerais é também palco para diferentes eventos corporativos e culturais, sendo uma importante fonte de receita para a sustentabilidade do espaço e da própria Orquestra.

Uma gestão compartilhada com outra instituição, como a FIEMG/Sesi Minas poderia ser oportuna desde que seja para contribuir, como fazem as grandes empresas de São Paulo parceiras das orquestras, nos esforços que o ICF vem empreendendo em favor da sustentabilidade da Filarmônica, de sua programação artística e da utilização da Sala Minas Gerais para os objetivos que motivaram a sua construção, concebida para ser a sede da Filarmônica e realização de suas atividades, cumprindo, assim, seu papel como importante agente da política cultural do Estado.

A Filarmônica de Minas Gerais é uma das iniciativas culturais mais bem-sucedidas do país. Juntas, Sala e Orquestra vêm transformando a capital mineira e o Estado de Minas Gerais em polo da música sinfônica, com reflexos positivos no turismo, no comércio, nos serviços e na geração de empregos, criando riqueza e promovendo o nome do Estado no cenário internacional".

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!