Recortes da igreja São Francisco de Assis e registros da festa de Iemanjá e de um prosaico passeio de bicicleta compõem o livro “Pampulha Olhares Imagens Modernidade”, produzido pelos fotógrafos Denilson Cardoso, Alexandre Guzanshe, Guto Muniz e Glenio Campregher. O volume, organizado por Cardoso, será lançado neste sábado (14) no Núcleo de Estudos Fotografia, Arte e Cultura, no bairro São Bento, e reúne cliques de ensaios que tiverem como mote o Conjunto Moderno da Pampulha.

Eleito Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 2016, o complexo concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) junto com o paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994) e o pintor Candido Portinari (1903-1962), no final dos anos 30, pela primeira vez terá um livro exclusivo dedicado à sua arquitetura e aos modos de usos do seu espaço pela população, o que contribuiu para o projeto ser contemplado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, em 2016.

Cardoso conta que uma de suas intenções ao propor esse trabalho foi não só prestar homenagem ao conjunto, mas também estimular o público a ter mais contato com essas construções. “O livro parte dessa proposta de valorização da Pampulha e não visa chamar atenção apenas do olhar de quem é de fora de Belo Horizonte para a Pampulha, mas, principalmente, de buscar uma nova percepção desses lugares. Nós fizemos esse exercício de procurar enxergar as paisagens, aquelas arquiteturas, de outras formas, e a ideia é que os moradores da cidade possam fazer o mesmo”, completa Cardoso. 

Ele relata que convidou os outros três fotógrafos sem pautar nenhuma regra específica, deixando que eles pudessem escolher suas próprias abordagens. Foi a partir da revelação das imagens – sendo algumas coloridas e outras em preto e branco –, que ele propôs uma edição, calcada nas possibilidades de diálogos entre as imagens. Essas também vão estar em uma mostra que será inaugurada neste sábado e vai permanecer em cartaz até o dia 31/1, no Núcleo de Estudos Fotografia, Arte e Cultura. 

“Eu noto que o livro abarca diversas perspectivas, mas que se conversam. Eu dei uma atenção maior aos detalhes. Acho que o Guto também tem umas imagens nesse estilo. Já o Guzanshe foi mais para o lado da arquitetura. Eu e ele, inclusive, fizemos um ensaio da festa de Iemanjá. Há outras composições mais abertas, como as do Glenio", diz Cardoso. “Acho interessante pensar que antes de tudo aquilo não existia nada na Pampulha, era tudo mato. As imagens não deixam de mostrar um certo fascínio com tudo aquilo”, conclui o fotógrafo. 

Programe-se

O lançamento do livro “Pampulha Olhares Imagens Modernidade” e a abertura da mostra de mesmo nome acontecem neste sábado (14), a partir das 10h, no Núcleo de Estudos (rua Michel Jeha, 142 A, bairro São Bento).