A força feminina sobe ao palco

Não importa se é rap, soul, R&B, jazz ou MPB. Quando sete cantoras mineiras subirem ao palco d’A Autêntica, hoje à noite, um fio quase imagético vai conduzi-las por um mesmo caminho, independente do gênero musical. Na véspera do Dia Internacional da Mulher, um grupo de talentosas cantautoras mineiras estreia o projeto Inéditas, que pretende apresentar um repertório autoral feminino crescente a cada dia por trás das montanhas de Minas. “É um jeito de unir as cantoras de BH. Cada uma tem um trajeto, mas a gente não conhece todos os trabalhos. E tem muita coisa legal”, diz Nathy Faria, cantora de soul, reggae e R&B e idealizadora do projeto.
O que parece ter demorado para acontecer – diante a gama de novas cantoras locais – deve ser periódico: pelo menos uma vez por mês o Inéditas vai iluminar composições femininas de Minas Gerais em palcos diversos da capital.

Nesta estreia, o público poderá ver a MPB singular de Deh Mussolini, a tropicalidade de Malvina Lacerda, o pop delicado de Júlia Branco, o samba jazz de Carol Serdeira, as rimas de hip hop afiadas de Barbara Sweet, o soul de Nathy Faria e a brasilidade da música de Camila de Ávila.
Apesar das diferenças de estilos, as artistas vão ser guiadas por uma mesma linha de arranjos. “Parece que vai ser um show de banda de baile, mas não é. Eu e a banda estamos fazendo os arranjos, as musicas não vão ser como as originais. Vão amarrar umas nas outras, através dos arranjos. Cada cantora vai cantar duas músicas, sendo uma sozinha e outra com a participação de outra cantora”, esclarece Nathy, que está em produção do segundo disco solo, a ser lançado até o fim do ano, e deverá interpretar canções do EP “Saindo do Lugar” (2012).

Quem dá corpo aos arranjos é a banda formada por Aloísio Horta no baixo e contrabaixo, Samy Erick no violão e guitarras e Fernando Delgado na bateria – além do saxofonista Breno Mendonça, que também assina a direção musical.

Para Bárbara Sweet, a experiência n’A Autência será bem diferente dos shows de rap que ela está acostumada a fazer e até mesmo das improvisações do Duelo de Mcs, onde ela ganhou visibilidade. “Fazer rap com banda é algo que eu sempre quis viver. A música cresce muito, ganha variações e elementos que superam o beat”, diz a rapper. “A união das mulheres é fundamental em todos os âmbitos. Artístico, cultural, familiar. Se a gente trabalha junto, gera mais espaço para a outra e quebra esse paradigma de que a mulher é competidora”, completa Bárbara.

Além de colocar a diversidade numa mesma caixa acústica e quebrar uma série de estereótipos, para a cantora Malvina, que mostra canções do seu EP homônimo de 2012, o Inéditas poderá até mesmo exportar cantoras para outras cidades do Brasil. “Além de contribuir com essa amizade e diálogo musical, fortalece a música daqui. Incentiva muitas mulheres a levarem seus trabalhos para frente, e até a sair de Minas também, cantar em outros lugares do país”, opina Malvina.

Depois que cada cantora interpretar duas canções como pré-estabelecido pela produção do evento, elas vão juntar o coro de todas as vozes para dar vida à canção “Labidumba”, do cantor e compositor mineiro Sérgio Pererê. “Escolhemos a música do Pererê porque é ela que possibilita que todas mostrem seus estilos, além de ser uma canção que todas gostam, um artista que admiram”, justifica Nathy Faria.

Agenda

O QUÊ. Show “Inéditas”, com cantoras mineiras
QUANDO. Hoje, às 20h
ONDE. A Autêntica (rua Alagoas, 1.172, Savassi)
QUANTO. R$ 20