Musical

A poesia e o rock de Cazuza  

Espetáculo que já lotou o Grande Teatro do Palácio das Artes, agora faz apresentação gratuita na praça da Estação

Por Joyce Athiê
Publicado em 20 de junho de 2015 | 03:00
 
 
 
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O espetáculo “Cazuza pro Dia Nascer Feliz, O Musical”, dirigido por João Fonseca, já passou por Belo Horizonte no ano passado quando fez cinco sessões no Grande Teatro do Palácio das Artes com a casa cheia. De volta à cidade, a peça desta vez poderá ser vista em praça pública em evento gratuito. O musical faz única apresentação, amanhã, às 19h.

A breve e intensa história de um dos principais poetas do rock brasileiro, falecido aos 32 anos, em 1990, é contada no musical a partir de duas abordagens. O primeiro momento da peça foca nos aspectos da carreira e da ascensão à fama e, em seguida, aborda a descoberta da Aids até os seus últimos dias.

Segundo Aloísio de Abreu, autor do texto do espetáculo, o musical tem seu eixo dramático construído a partir do repertório de Cazuza. “Eu percebi que as letras, embora atemporais porque continuam dialogando com as novas gerações, têm um tom confessional e fazem um registro de uma época, contextualizando o período em que Cazuza viveu. Ele fala dos códigos de comportamento, das questões da juventude dos anos 80. Então, optei por deixar suas músicas contarem a história dele”, afirma Aloísio.

Como aponta o texto do espetáculo, Cazuza, em oito anos de carreira, deixou 126 músicas gravadas por ele, 34 por outros intérpretes e mais de 60 inéditas. Dentro de todo esse repertório, Aloísio optou por contar a vida de Cazuza a partir dos momentos de virada: a descoberta do teatro, o gosto pelo rock, o momento em que resolve cantar e montar uma banda. Também as brigas, as mudanças de rumo na carreira e o reconhecimento do trabalho solo são abordados.

A peça alterna momentos exagerados e de puro rock aos mais intimistas e delicados. Da época do Barão Vermelho à carreira solo, o musical reúne alguns dos maiores clássicos de Cazuza como “Pro Dia Nascer Feliz”, “Codinome Beija-Flor”, “Bete Balanço” e “Ideologia”. A direção musical de Daniel Rocha e Carlos Bauzys integra ao roteiro a gravação do primeiro disco, as músicas de sucesso que consolidaram a carreira do cantor e ainda reserva espaço para composições que ele nunca chegou a gravar, como “Malandragem”, “Poema” e “Mais Feliz”.

Além das canções, o espetáculo conta momentos particulares da vida de Cazuza. Aloísio afirma que, para construir o texto, ele foi beber direto na fonte e foi ao encontro de pessoas próximas do artista. “Nós éramos contemporâneos, frequentávamos os mesmos lugares, tínhamos amigos em comum, mas não nos conhecíamos. Então eu precisei conversar com quem compartilhou momentos ao lado dele, como Lucinha Araújo, a mãe do Cazuza, que contribuiu muito apontando as passagens mais importantes dessa vida tão atribulada que ele teve. O espetáculo também é construído pelas memórias dela”, conta o autor.

Em suas conversas com amigos e familiares de Cazuza, Aloísio percebeu certa sintonia nos sentimentos das pessoas ao falarem do poeta. “Havia sempre um tom de muita alegria e também de saudade. Ele era muito solar, debochado, divertido, pensava e agia muito rápido e, na maior parte das vezes, sempre carregando alegria e poesia”, diz Aloísio.

No musical, Cazuza é interpretado por três atores - Emílio Dantas, Osmar Silveira ou Igor Miranda – que se revezam, a cada apresentação. Em Belo Horizonte, Emílio será o intérprete do protagonista do espetáculo que coloca em cena também pessoas que passaram pela vida de Cazuza como seus pais, Lucinha e João Araújo, Ney Matogrosso, Bebel Gilberto, Frejat e Caetano Veloso. Dirigido por João Fonseca, o trabalho dá continuidade à pesquisa que busca a construção de uma cena de musicais brasileiros mais teatrais e autorais, a exemplo de outros espetáculos que ele também dirigiu como “Tim Maia – Vale Tudo”.

Musical

“Cazuza Pro Dia Nascer Feliz, O Musical”, faz única apresentação, amanhã, às 19h, na Praça da Estação ( av. dos Andradas, 201, centro). Entrada gratuita

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