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A sabedoria da filosofia vedanta

Swami Atmajnanananda visita o Brasil pela primeira vez e ressalta a importância da tolerância inter-religiosa.

Por ANA ELIZABETH DINIZ / ESPECIAL PARA O TEMPO
Publicado em 09 de maio de 2006 | 00:01
 
 
 
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Vedanta é uma combinação de duas palavras, "Veda" que significa conhecimento e "anta, " a parte final ou a essência dos Vedas, a mais antiga escritura sagrada da Índia. O vedanta é o conhecimento de Deus e da natureza divina que habita cada indivíduo. Vedanta é a busca do autoconhecimento.

"Esse é um caminho que ajuda a quebrar os padrões prejudiciais entre pessoas, a diminuir a distância entre raças e a estabelecer o diálogo inter-religioso", sustenta swami Atmajnanananda, 67, nascido na Filadélfia, Pensilvania.

O monge se formou em filosofia pela Northwestern University, em Chicago, e em filosofia indiana e sânscrito na University of Pennsylvania. Em 1981, ele entrou para Ordem Ramakrishna em Trabuco Canyon, Califórnia, e em 1996 recebeu os votos finais de sannyasa em Belur Math.

Desde 1997, swami Atmajnanananda é responsável pelo centro da Ordem Ramakrishna em Washington DC. Em sua primeira viagem ao Brasil e a Belo Horizonte, o monge se encontrou com os devotos da ordem criada pelo santo bengali Ramakrishna.

Falando sobre os frutos da meditação, Atmajnanananda diz ter esperança no futuro da humanidade, mesmo em meio a guerras, atos de terrorismo, brigas religiosas e corrupção.

"As coisas vão melhorar. Mas não existe a perfeição e, tampouco, um mundo perfeito. Porque na história da humanidade sempre existiu a dualidade, o bem e o mal, luz e trevas, saúde e doença, riqueza e pobreza, alegria e tristeza".

O vedanta não é uma religião. Enquanto filosofia aceita e respeita todas as tradições religiosas e encoraja a todos a aprender com os ensinamentos oferecidos pelos profetas e mestres de todas as religiões.

"Existe apenas uma realidade que se manifesta em variadas formas e com vários atributos. Todas as religiões têm o poder inerente de levar seus seguidores à consumação suprema da meta da vida humana. Todas são igualmente verdadeiras", sustenta o swami Atmajnanananda. Para ele, cada segmento religioso possui uma dádiva específica para oferecer à humanidade.

AGENDA " Swami Sunirmalananda, monge da Ordem Ramakrishna da Índia, vai ministrar um curso de hinduísmo de 15 a 20 de maio, das 19h30 às 21h, no Consulado da Índia. Informações: 3334- 2892 e 9608-6654.

Como lidar com a kali yuga (idade do ferro)

O pensamento hindu desenvolveu um conceito de templo cíclico através da doutrina das yugas ou eras cósmicas. Assim como os gregos acreditavam que existiam quatro eras, a Idade do Ouro, da Prata, do Bronze e do Ferro, que se sucedem nessa ordem, a tradição hindu contempla esses ciclos históricos e os denomina da seguinte forma: Satya Yuga, Treta Yuga, Dwapara Yuga e Kali Yuga.

"Na sucessão das yugas, a humanidade descende de uma elevada plataforma espiritual, como é vivida na Satya Yuga, para um estado de gradual degeneração nas yugas subsequentes. Atualmente estamos vivendo a última dessas quatro eras, a Kali Yuga, também chamada a Idade do Ferro, onde a ignorância e o materialismo, o egoísmo e os vícios prevalecem sobre as virtudes espirituais", comenta o swami Atmajnanananda.

Segundo ele, na sequência das eras existe uma gradual degradação do darma (lei moral ou retidão). Então, com o início da nova Satya Yuga,/ o estado original de pureza é restaurado, os ciclos começam novamente e assim se repetem.

Esses conceitos são encontrados nos Puranas, textos sagrados que descrevem a cosmogonia e a mitologia na tradição hindu.

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